Brasília – O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), defendeu, nesta terça-feira (28), que a presidente Dilma Rousseff peça desculpas à população pela disseminação de falsos boatos sobre o Bolsa Família, que provocou caos e corrida às agências bancárias.
“São muito poucas as desculpas até aqui. A senhora Presidente da República deve um pedido de desculpas formal a todos os brasileiros. Esperamos que Dilma convoque as cadeias de rádio e televisão para pedir desculpas para quem ela mesma disse que sofreu uma desumanidade”, afirmou.
Para ele, as justificativas “embaraçadas” dadas pelo presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Hereda, são insuficientes.
Em entrevista coletiva, na sede da Executiva Nacional, em Brasília, o dirigente tucano criticou a postura da instituição ao omitir a verdade “durante toda a semana, apenas mudando a versão após ser confrontada pela imprensa”.
Segundo declarações do diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello, ao líder do PSDB na Câmara, deputado federal Carlos Sampaio (SP), agentes da PF já sabiam, desde o último dia 20, que o pagamento do benefício do Bolsa Família havia sido antecipado.
“Se a imprensa nõa esclarecesse o ocorrido, até quando estaríamos aceitando a versão que não é verdadeira?”, questionou.
Suspeição – Aécio acredita que o episódio coloca as versões oficiais apresentadas pelo governo sob suspeição.
“Vai ficando cada vez mais claro que houve uma ação descoordenada da Caixa Econômica Federal, e que isso não foi assumido. O que me parece mais grave é ter versões de instituições seculares atendendo a interesses do governo”, disse.
O senador lembrou o episódio da manobra contábil realizada pelo governo para fechar o ano de 2012 com superávit.
“Não se pode confiar nas estatísticas oficiais. A partir de agora, o PSDB estará vigilante a todas as ações do governo, em todas as áreas. Vamos acompanhar passo a passo, e cobrar soluções”, reiterou.
O parlamentar declarou ainda, em nome da legenda, sua “indignação e solidariedade aos milhares de beneficiários do Bolsa Família”. E prometeu cobrar da Polícia Federal uma investigação “célere e profunda”.
Obras estagnadas – Durante a coletiva, Aécio também falou sobre a estagnação de grandes obras de infraestrutura do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), carro-chefe do governo Dilma.
Para ele, as situações de atraso e sobrepreço das obras de Transposição do São Francisco, ferrovia Transnordestina, refinarias Abreu e Lima e de Pasadena, nos Estados Unidos, são “o mais bem acabado retrato da incapacidade”, evidenciando que o “desgoverno da gestão é cabal e definitivo”.
Mineração – Aécio lamentou a morosidade do governo federal na aprovação do novo Marco Regulatório da Mineração, “que tirou dez anos de desenvolvimento de um estado como Minas Gerais”.
E destacou: “Quando o governo se aproxima do ideário do PSDB, ele acerta. Foi assim com os programas de assistência social e as privatizações. Quando o governo segue o ideário do PT, vêm as questões de liberdade de imprensa”.
O presidente do PSDB enfatizou ainda a necessidade de construção de uma grande agenda para o país: “Não vamos deixar nada sem resposta. Estamos no timing correto: fiscalizando ações do governo e cobrando resultados.”