Em março de 2010, a alagoana Solange Bentes Jurema foi uma das signatárias da uma cápsula do tempo – documento com um relatório da situação da mulher no Brasil. A cápsula, fechada, só será aberta daqui a 50 anos.
Assinado pela então secretária de Estado da Assistência e Desenvolvimento Social de Alagoas, juntamente com três ativistas do movimento feminista, o documento corrobora a preocupação com o universo feminino, que sempre pautou a vida de Solange Jurema.
Aos 65 anos, essa tucana, casada, mãe de três filhos, se orgulha das inúmeras batalhas em prol das mulheres.
“Já tive muitas lutas que considerava utópicas. Um exemplo era a democracia no Brasil e hoje temos uma democracia plena. Sei que isso custou o sofrimento de muita gente, mas hoje conseguimos”, disse a advogada, em palestra na sede da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-AL).
Ex-presidente da Associação Brasileira de Mulheres de Carreira Jurídica (ABMCJ) no estado, Solange conseguiu, nesse período, estreitar relação com mulheres de todo país e identificar as inúmeras barreiras enfrentadas por elas.
Formada em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, com especialização em Direito Constitucional e em Mediação e Arbitragem, cursou Gerência Social em Washington (Estados Unidos).
Entre 1999 e 2002, esteve à frente do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher.
Também foi presidente pró-tempore da Reunião Especializada da Mulher do Grupo Mercado Comum, Mercosul (REM).
Ministra – Em 2002, assumiu a Secretaria Nacional de Políticas Públicas para Mulheres no governo Fernando Henrique Cardoso.
Da experiência de ter sido a primeira ministra da Mulher no Brasil, ela destaca: “Dessa maneira, foi possível se aprofundar em questões que não eram discutidas até então”.
Solange credita à gestão do ex-presidente Fernando Henrique os principais avanços para as mulheres: “Antes, só existia o Conselho Nacional dos Direitos da Mulher, sem capacidade executiva. Muito menos, capacidade de articulação com outros ministérios”, reitera.
Homenagens – As ações implementadas por Solange, não apenas na questão de gênero, mas também na área social, nas últimas décadas, foram reconhecidas publicamente.
Na gestão Teotônio Vilela, por exemplo, ela foi agraciada com a outorga da Medalha da Defesa Civil Estadual, pelos serviços prestados à sociedade no período da calamidade pública.
“Esse trabalho é contínuo e só acabará quando todos os desabrigados [pelas chuvas] estiveram nas suas casas definitivas”, comentou a homenageada, na ocasião.
Por sua dedicação às mulheres, Solange recebeu a Ordem do Rio Branco, grau de Comendador, Comenda Nise da Silveira, do governo de Alagoas e Medalha Ruth Cardoso.
Gestão – Procuradora de Estado aposentada, com vasta experiência em gestão pública e em políticas sociais de inclusão – teve participação no governo tucano de Teotônio Vilela, entre 2007 e 2010, onde ocupou o cargo de secretária estadual de Assistência e Desenvolvimento Social – em janeiro deste ano, assumiu outro compromisso: A Secretaria Municipal do Trabalho, Economia Solidária e Abastecimento, da prefeitura de Maceió (AL), na gestão de Rui Palmeira (PSDB). Vivência que, avalia o prefeito, ajudará a alavancar projetos na área.
“Solange está preparada para dar uma grande contribuição, para nos ajudar a fortalecer os programas de geração de empregos na nossa administração”, observou o prefeito tucano.
Em março deste ano, em artigo publicado no site do PSDB nacional, intitulado “As conquistas das mulheres rumo ao empoderamento”, ela relembrou: “Conquistamos uma legislação mais igualitária e menos discriminatória e leis específicas sobre a violência contra a mulher, como a lei Maria da Penha.”
E prosseguiu: “Para chegar a um equilíbrio entre trabalho e família temos grandes desafios – os homens terão que colaborar muito mais nas tarefas domésticas, os governos precisarão adotar políticas sociais mais eficientes, escolas e creches em horário integral, saúde pública que funcione, transporte urbano eficiente e políticas de atendimento aos idosos.”
Esses entre outros desafios, sem dúvida, constarão entre as metas da nova presidente do Secretariado Nacional da Mulher – PSDB – Mulher, que estará à frente do colegiado por um mandato de dois anos.
Um colegiado que representa o equivalente a 44% do total de filiados do partido.
E com números expressivos no cenário político: 93 prefeitas, 83 vice-prefeitas, 718 vereadoras, 14 deputadas estaduais, três deputadas federais e uma senadora.