PSDB-Mulher: Senadora, como a senhora está vendo o crescimento dos preços de alguns produtos, como o tomate, a farinha da mandioca?
Lúcia Vânia: Evidentemente que a alta de preços de produtos como o tomate e a farinha de mandioca é fruto de uma sazonalidade climática. Porém, mais sério do que os preços desses produtos é, de fato, o insistente pico inflacionário que vem se mantendo, a despeito das tentativas do governo de disfarçá-lo, através de medidas eventuais. A sociedade brasileira, e nós, da oposição, temos que estar atentos para cobranças efetivas do governo quanto a medidas que, de fato, mantenham a inflação sob controle. O controle da inflação foi, possivelmente, o maior legado do governo do PSDB e que vinha se mantendo. Não podemos permitir o descontrole nessa questão, sob pena de cairmos num processo inflacionário que seria desastroso para o país.
PSDB-Mulher: Qual são suas metas para a Ouvidoria Geral do Senado Federal, que a senhora acabou de assumir?
Lúcia Vânia: O meu principal compromisso para esses dois anos de mandato é aumentar o número de manifestações que chegam à Ouvidoria, pois à medida que elevamos a quantidade de sugestões, críticas, elogios, reclamações e denúncias, fortalecemos a participação popular.
Entre os objetivos específicos está o aumento da participação feminina, que tem apresentado baixos índices desde a implantação do órgão, em junho de 2011. De acordo com o último relatório publicado pela Ouvidoria, de janeiro a abril deste ano, a participação de mulheres foi de 29%, enquanto a de homens chegou a quase 70%.
Outro objetivo é tornar o órgão ainda mais conhecido e acessível entre os senadores, servidores e visitantes do Senado. Ou seja, não são poucos os desafios, mas não medirei esforços para a Ouvidoria da Casa se consolidar como um instrumento de exercício da cidadania e de controle social.
PSDB-Mulher: Como a senhora vê a gestão do tucano Marconi Perillo em Goiás e as perspectivas do partido para o ano que vem?
Lúcia Vânia: A gestão do governador Marconi Perillo em Goiás traz a marca do nosso partido. É uma gestão planejada, como foram os seus dois outros períodos à frente do executivo goiano. Destaco as obras de infraestrutura rodoviária, tanto urbanas quanto as rodovias que cortam o estado. Isso permite, num estado das dimensões de Goiás, a mobilidade de pessoas e da produção tanto industrial, quanto agropecuária. O governo do estado tem sido feliz, igualmente, no estabelecimento dos marcos regulatórios que têm permitido a atração de investimentos que têm colocado a economia de Goiás dentre as mais pujantes do país, inclusive na empregabilidade. Não podemos esquecer o programa de construção de moradias para famílias de baixa renda, que tem levado a tranquilidade da casa própria a centenas de famílias em dezenas de municípios.
PSDB-Mulher: Quais as propostas que a senhora pretende encaminhar para a Convenção Nacional do PSDB, especialmente em relação ao trabalho das mulheres?
Lúcia Vânia: Não devo encaminhar propostas, mas a minha posição é a de que somos um país de 60 milhões de famílias, e onde quase um terço delas é sustentado por mulheres. É um dado que não pode deixar de ser considerado, inclusive politicamente. Por outro lado, as mulheres ocupam apenas 8,9% das cadeiras do Congresso Nacional, 12% das Assembleias Legislativas e 12% nas Câmaras Municipais.
No Encontro Nacional do PSDB Mulher, no ano passado, em Recife, levantei alguns pontos para reflexão. Tenho plena convicção de que o partido não pode ficar refratário aos avanços da sociedade brasileira em todos os sentidos e, especialmente, em relação à mulher. Pelo quê faço as seguintes ponderações: os avanços não são possíveis sem a abertura da estrutura partidária; os partidos ainda são comandados a partir de uma visão extremamente autoritária e identificada com o segmento masculino; na hora das grandes decisões devem prevalecer decisões partidárias tomadas democraticamente, levando em consideração o conjunto do partido, incluindo, evidentemente, as mulheres.
Também acho que o fundo partidário ainda é uma caixa preta e os recursos não são divididos de forma equitativa; no financiamento de campanha o partido tem que considerar que a mulher, normalmente, não detém o orçamento familiar. Neste sentido o Fundo Partidário tem que ser democratizado e usado de forma transparente. O partido tem que considerar que o gênero feminino já representa 52% dos eleitores no Brasil. Temos que falar a essas pessoas também a partir das mulheres do PSDB.
PSDB-Mulher: Quais foram os resultados das eleições dos diretórios em Goiás com o advento da Resolução 1/13 que garante no mínimo 30% de participação das mulheres nesses diretórios?
Lúcia Vânia: Em contato com a presidência do PSDB em Goiás, foi-me passada a informação que os resultados das eleições nos diretórios ainda estão sendo consolidados. Cerca de 80 municípios ainda realizarão, excepcionalmente, as suas eleições. Mas, houve a recomendação de que a legislação fosse acatada, segundo o presidente do PSDB de Goiás, Paulo de Jesus.