A senadora Mara Gabrilli (PSDB) será vice na chapa de Simone Tebet (MDB), candidata à presidente da República. Repleto de emoção e de fatos históricos, o anúncio da chapa 100% feminina foi feito, nesta terça-feira (2/8), em São Paulo, com a presença dos presidentes do PSDB, Bruno Araújo; Cidadania, Roberto Freire; e MDB, Baleia Rossi; além de lideranças tucanas como Tasso Jereissati, José Serra e a deputada estadual Carla Morando.
Em um discurso emocionado, Mara Gabrilli fez um agradecimento a todos pela confiança, e em especial ao senador José Serra, que em 2005, à época prefeito de São Paulo, acatou sua proposta para criação de uma secretaria municipal para pessoas com deficiência e mobilidade reduzida. A pasta foi a primeira no País a ser voltada para a área. “Eu não estaria aqui se não fosse por você. Você me enxergou e acreditou”, disse ao Serra.
A tucana não deixou de mencionar sua admiração por Simone Tebet e a honra de ter recebido o convite para compor a chapa na corrida presidencial.
“Estou lisonjeada por ter recebido o convite para ser vice de uma mulher como a Simone. Eu admiro a Simone desde o dia que a conheci. Essa admiração foi aumentando. Uma mulher que dentro da CPI trabalhou com ciência, com consciência, com responsabilidade e compromisso. Fez a liderança da bancada feminina, inédita no Senado, com profissionalismo profundo, com ética e com vontade de ver o Brasil melhorar e com vontade de ver as pessoas terem vida. A Simone foi a primeira mulher a ser candidata a presidência do Senado”, destacou e garantiu a parceria na missão: “Te agradeço do fundo do coração pela confiança e repito aqui as suas sábias palavras: O Brasil tem que olhar pra frente. É possível fazer diferente. Juntos com amor, com coragem, é possível mudar o Brasil. Você [Simone] conta comigo nesta jornada”.
Mara Gabrilli relembrou sua trajetória na política, passando por cargos de vereadora, deputada, pelo comitê da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, até ocupar o cargo atual de senadora. Também fez duras críticas ao atual presidente e candidato à reeleição e aos governos do Partido dos Trabalhadores.
“Às vezes parece que o nosso governo só se engradece quando vê as pessoas sofrendo. E a gente quer o contrário. Sabe por quê? Eu aprendi nessa trajetória que quando a gente melhora a vida de uma pessoa é a humanidade que salta, é a gente que melhora junto. E é isso que a gente quer fazer no Brasil. A gente quer crescer junto, a gente quer saltar. A riqueza do Brasil é a diversidade da população, a diversidade humana, a diversidade cultural, a diversidade ambiental, e quem desdenha isso não merece seguir adiante, não merece a confiança dos brasileiros”, pontuou.
Reconstrução do Brasil
Ao rememorar os tempos da ditadura militar, Simone Tebet alertou para o risco do país de enfrentar os mesmos indicadores sociais de miserabilidade, de fome, de desemprego, de desalento, de desencanto, e garantiu que pode mudar esta realidade, caso eleita.
“Eu jamais imaginei que seria eu a responsável […] por ser a voz, a porta-voz ao lado de Mara Gabrilli pra falar para o Brasil que não é este Brasil que nós queremos. O Brasil que nós queremos e que nós vamos ter para nós, pros nossos filhos e pros nossos companheiros vai ser reconstruído a partir de primeiro de janeiro do ano que vem. Com amor, com coragem, mas com trabalho e com experiência”.
Tebet também salientou as dificuldades que enfrentou para ser candidata à presidência da República. “Eu quero aqui agora pela primeira vez, porque quem me conhece sabe… nunca me vitimizei, não faço, lamento as pedras que tenho que derrubar pelo caminho, mas quero dizer pra vocês, nada é fácil pra uma mulher no Brasil. E nada é fácil pra uma mulher na política no Brasil. Eu sei o que eu tive que enfrentar […] como se nós fõssemos um café com leite, fôssemos uma candidatura fraca, uma candidatura que não ia chegar lá”. E continuou: “Nós chegamos, contra tudo e contra todos. Puxem pela imprensa todo o histórico, de tudo o que foi relatado. Não era para eu estar aqui, mas nós chegamos”.
Simone Tebet salientou ainda que Mara Gabrilli terá papel relevante em seu governo e prometeu combater as desigualdades sociais, de gênero, o racismo estrutural, e toda forma de preconceito. “Mara não será uma vice coadjuvante. Vamos acabar definitivamente com essa vergonha do preconceito e desigualdade. Nós vamos apresentar o maior programa da história de inclusão”.
Chapa 100% feminina
“Nessa construção da busca de alguém que pudesse representar o conjunto desse centro democrático, dessas forças políticas, toda a imprensa, toda a sociedade acompanhou o que foi essa jornada”, discursou o presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo. “Mara é um exemplo de que não há limites físicos quando a vontade de servir se instaura no coração. Tem um trabalho social maravilhoso, sempre foi um exemplo de referência. Sim, a força da mulher brasileira está pronta para governar esse país. É mais do que ter duas senadoras, é ter duas mulheres com história de vida pública. Esse momento é da construção da política”, completou.
Publicitária e psicóloga, Mara tem 54 anos e foi eleita senadora em 2018 com 6 milhões de votos. Ela foi secretária da Pessoa com Deficiência na gestão Serra na Prefeitura de São Paulo,vereadora e deputada federal por dois mandatos consecutivos. Em 2018, foi eleita para representar o Brasil no Comitê da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência.