A gestão estratégica de campanha eleitoral foi tema de um dos debates do II Seminário de Capacitação Política: Representação, Democracia e Eleições 2022, promovido pelo Secretariado Nacional da Mulher/PSDB em Belém (PA), em parceria com a KAS Brasil e o Instituto Teotônio Vilela (ITV). Destinado a capacitar lideranças femininas para o pleito deste ano, o painel foi conduzido pela cientista política, pesquisadora, co-fundadora da ONG Elas no Poder e co-criadora da plataforma impulsa, Letícia Medeiros.
Letícia Medeiros fundou, em 2018, a organização não-governamental Elas no Poder, visando as candidaturas femininas e as eleições. Segundo ela, o caminho passa por técnicas de organização até o início do período oficial de campanha, em agosto. “Campanha é um projeto. Um esforço que você vai empreender para chegar a um resultado específico.”
“A campanha vai começar e vai acabar. Tem começo, meio e fim”, ressaltou a especialista. “Há três formas: preditivo, adaptivo ou híbrido. O preditivo, quando você investe muito tempo planejando. Vale a pena gastar muito tempo no início. O adaptativo, você pega o tempo de planejamento e vai dissolvê-lo ao longo da execução. O híbrido em que há fases, etapas e produtos.”
Seguno a consultora, a prática tem mostrado que prevalecem os planejamentos adaptativos e híbridos, pois campanha é algo bastante ágil e que envolve vários fatores, por vezes, que independem da candidata.
Prioridades
Letícia Medeiros sugeriu que a candidata defina prioridades e exclua as dependências entre as ações para evitar “gargalos” e consequências que atrapalham o planejamento. De acordo com ela, é preciso “confiar” nas pessoas escolhidas para trabalhar na sua campanha.
Exatamente como a socióloga Karin Vervuurt, consultora em Campanhas Eleitorais do Elas no Poder, Letícia Medeiros reiterou a necessidade de fazer um planejamento orçamentário para a definição de prioridades, pois abrirá possibilidades de receitas embora tenha custos e despesas.
Temas
A consultora ressaltou que as candidatas devem definir os temas e os dados que planejam tratar em sua campanha. “O posicionamento de vocês têm de ser claro e simples, o eleitor está com uma infinidade de dados”, disse. “Se for difícil demais, o eleitor passa para o próximo candidato.”
Porém, Letícia Medeiros disse que não se deve excluir os temas mais complexos, pois há situações, como debates com outros candidatos ou entrevistas, é possível que tenham de abordar essas questões. “Como você explica as causas que você defende?”, indagou a consultora.
“Aqui na campanha, foca na campanha. Simplifica, coloca os dados na banca para quando precisar”, disse a consultora. “Nós, mulheres, não estamos acostumadas a uma lógica de adaptação. Mas você acha que tem que adaptar, continua.”