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“Com 33 milhões de pessoas famintas, Brasil precisa pensar fora da caixa”, por Thelma de Oliveira

O Brasil tem fome. Em pleno 2022, vivemos um retrocesso nos níveis de fome e pobreza que já não se via há 30 anos. Mais da metade dos brasileiros, 58,7%, convivem com a insegurança alimentar em algum grau. São 125,2 milhões de pessoas que não se alimentam direito, o que agrava o quadro de desnutrição e doenças associadas em nosso país.

São alarmantes os dados divulgados pelo 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, levantamento realizado pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede PENSSAN). De acordo com o levantamento, cerca de 33,1 milhões de brasileiros estão em situação de insegurança alimentar grave no país – ou seja, não têm o que comer. O número equivale a 15,5% da nossa população.

O que é ainda mais grave: esse número praticamente duplicou em menos de dois anos. Em 2020, a mesma pesquisa identificou 19 milhões de pessoas em insegurança alimentar grave, 9,1% da população. Em números absolutos, são 14 milhões de pessoas a mais passando fome no Brasil.

O peso da fome também tem cor e gênero, se fazendo mais cruel sobre as famílias chefiadas por mulheres, pessoas negras e pardas. 63% dos lares comandados por mulheres apresentaram algum patamar de insegurança alimentar de acordo com o levantamento. Já 65% dos domicílios de pessoas negras e pardas convivem com a restrição de alimentos em qualquer nível.

A alta do desemprego, o aumento das desigualdades sociais e o empobrecimento da população, que a cada dia perde mais poder de compra com a inflação sobre os alimentos, que afeta itens básicos como arroz, feijão e óleo de soja, além do gás e combustíveis, são algumas das causas desse quadro perverso.

Nos anos 90, sob o comando do PSDB, o Brasil conseguiu derrotar a hiperinflação que assombrava os lares dos brasileiros graças a uma série de reformas capitaneadas por Fernando Henrique Cardoso, entre elas o Plano Real, que recuperaram a economia e as finanças públicas.

Na conta da fome, há de se colocar também o sistemático desmonte de políticas públicas de combate à extrema pobreza promovido pelo atual governo federal.

Reconhecendo a importância das políticas de assistência social, fundamentais para a população mais vulnerável, o PSDB colocou em prática, na gestão de FHC, importantes programas de transferência de renda, como o Bolsa Alimentação, o Auxílio-Gás e o Bolsa Escola, primeira iniciativa de abrangência nacional a condicionar o recebimento de benefícios à educação de crianças de famílias de baixa renda com filhos em idade escolar.

Esses programas foram unificados na gestão do Partido dos Trabalhadores (PT), dando início ao Bolsa Família, extinto pelo presidente Jair Bolsonaro e substituído pelo atual Auxílio Brasil. Não coincidentemente, desde 2018 já é possível perceber o aumento sucessivo dos patamares da pobreza extrema e da fome no país.

É preciso pensar fora da caixa! Mais do que garantir aos brasileiros comida no prato e condições mínimas de sobrevivência, precisamos evoluir como sociedade. Para isso, a resposta está na educação. Façamos como o PSDB fez com o Bolsa Escola lá atrás: investindo e valorizando a educação.

A escola é o instrumento mais eficaz que temos para o combate à pobreza. A criança na escola, com acesso à educação integral e merenda escolar, não passa o dia com fome, não vira estatística de violência. A criança que estuda cresce para se tornar um adulto que atua nos mais diversos setores do mercado, contribuindo com a força de trabalho e a economia do nosso país.

Para tirarmos o Brasil da profunda crise econômica, política e social que enfrentamos hoje, precisamos de alternativas que fujam do óbvio. Em um país destruído por uma polarização política entre extremas direita e esquerda que só prejudicam os brasileiros, a Terceira Via é o caminho.

Chega de retrocesso! Nem Bolsonaro, nem Lula. O Brasil quer a Via Democrática, para juntos colocarmos o nosso país de volta aos eixos.

*Thelma de Oliveira foi deputada federal e prefeita de Chapada dos Guimarães (MT). É vice-presidente do Secretariado Nacional da Mulher/PSDB.

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