O Seminário de Capacitação Política “Mulheres que Constroem um Brasil Melhor”, promovido pelo Secretariado Nacional da Mulher/PSDB em São Paulo (SP), no último sábado (30/04), também contou com uma Mesa Redonda com a participação de pré-candidatas às eleições deste ano e importantes lideranças femininas do estado.
As tucanas destacaram o que elas querem para São Paulo e para o Brasil, ressaltando a importância das políticas públicas para mulheres. O bate-papo foi mediado pela presidente do PSDB-Mulher estadual e coordenadora do PSDB-Mulher Nacional na região Sudeste, Edna Martins, que agradeceu às mulheres pioneiras que se aventuraram na política e abriram caminhos.
“A gente só tem a possibilidade de estar discutindo aqui hoje candidaturas femininas porque tiveram mulheres que vieram antes de nós, mulheres guerreiras, mulheres que abriram caminho em outros tempos, onde sequer se falava nos nossos direitos como a gente fala hoje”, lembrou.
Para a prefeita de São Luís do Paraitinga, Ana Lucia, o caminho para a construção de um país melhor para todos passa por importantes políticas de infraestrutura e desenvolvimento. Ela contou do desafio que enfrentou em seu primeiro ano de mandato, quando uma grande enchente destruiu construções históricas do município, entre elas a Igreja Matriz, construída no século XVII.
“O que eu quero para o Brasil? Não quero ninguém em área de risco. A gente tem que ter planejamento, moradia digna para as pessoas. Essa é a minha bandeira”, disse.
Em seu terceiro mandato como prefeita, ela frisou a importância das mulheres ocuparem os espaços de poder.
“Não desistam. Nós somos capazes e podemos estar onde nós queremos. Eu, como professora, entrei na política pela educação. Educação entra em todas as áreas. Primeiro, respeito. Gostar das pessoas e não mentir. Ter um plano de governo e agir”, acrescentou.
“Nós tivemos um histórico muito ruim de ex-presidentes. Se você olhar para trás, quem nós tivemos de presidente de verdade? FHC. PSDB. Afinal de contas, foi o homem que colocou ordem na economia, na casa”, constatou.
“Precisamos de alguém com pulso firme. Para o Brasil ir para frente, alguém que olhe o país como ele é, continental. Alguém que olhe para as políticas públicas para mulheres como precisa, que olhe para a política com um olhar sensível. Não é possível que nós, de 513 deputados, tenhamos 77 mulheres apenas. A política é um ambiente violento. Para vocês terem uma ideia, até 2018 não tinha banheiro feminino no Senado. A política não foi pensada e planejada para nós”, pontuou a parlamentar.
A vereadora de Conchas (SP), Ligia Moysés, falou a todas sobre representatividade, não só como a única representante mulher na Câmara Municipal, mas como a primeira pessoa com deficiência a ser eleita na cidade. Ela citou como grandes exemplos a ex-secretária dos Direitos da Pessoa com Deficiência de São Paulo, Célia Leão, e a senadora Mara Gabrilli (PSDB-SP).
“Eu quero um país com mais igualdade, mais respeito, mais acessibilidade, mais inclusão. Que seja de uma forma mais natural. Estamos em um processo de aprendizagem, de desconstrução. Existe um termo muito novo hoje, que é o capacitismo. Temos que bater muito em cima disso. Somos pessoas com deficiência, porque a pessoa vem antes da característica. Tenho uma deficiência, mas sou mulher, sou loira, moro no interior de São Paulo. E sou cadeirante”, salientou.
Primeira pessoa vacinada contra o coronavírus no Brasil, a enfermeira Mônica Calazans disse querer um país de igualdade.
“Quando falo em igualdade, é para todos os gêneros. Que todas as pessoas conquistem o lugar que eu conquistei na vida. Isso é possível. Sou de periferia, moro na Zona Leste, sou corintiana. Estudei, lutei muito para conseguir fazer a minha faculdade, para chegar aonde cheguei”, contou.
Ela exaltou o papel que o Governo de São Paulo e o pré-candidato do PSDB à Presidência da República, João Doria, tiveram na contenção da pandemia e em sua decisão de entrar para a política.
“Estávamos num momento de pandemia. No momento em que eu tomei a vacina, estávamos em 220 mil mortos. É muita gente. E nada se fazia. Só gente morrendo, morrendo e morrendo. Meu governador foi lá e falou ‘vamos ter vacina, vamos resolver o problema da população’. E escolheu quem? Eu. Passei a ser o símbolo de esperança das pessoas. E hoje, está todo mundo aqui, sem máscara”, relembrou.
“Por que outra pessoa não fez isso? Outros governadores? Por que o nosso presidente que está aí não fez isso? Ele [Doria] fez. Sofri preconceito, sofri uma série de ataques, mas não liguei. Me chamaram de cobaia. Eu falei ‘não sou cobaia. Sou participante de uma pesquisa para as pessoas receberem a vacina’. Para hoje, a gente poder estar aqui. Eu acredito em um Brasil melhor”, disse a tucana, pré-candidata a deputada federal.
Políticas para mulheres
“Nessa época não se falava sobre isso, era uma coisa muito velada, escondida. Passei muitos anos para falar sobre isso. Só falei quando sofri violência doméstica, quando eu tinha 54 anos em 2016, e aí eu trouxe toda a reflexão da minha própria história e reconheci as várias violências que todas nós mulheres sofremos”, relatou.
“Hoje, eu visito o Brasil falando para as mulheres sobre esse pilar muito importante que é a mulher na sociedade brasileira, o que ela representa e como ela sofre. Existem excelentes políticas públicas para mulheres, principalmente no estado de São Paulo, mas a gente precisa de mais”, salientou.
Presidente da Diversidade Tucana do município de São Paulo, a Miss Brasil Trans Gabriella Bueno também destacou a igualdade como ideal a ser alcançado.
“Quantas mulheres trans temos aqui hoje? Somos duas. Mas não somos poucas. Através de nós, seremos pontes para outras mulheres. Quando a gente fala de identidade, a gente só fala para trazer demandas, falar de dados, mas diferente de toda essa identidade, eu sou uma mulher como todas aqui. O que nós temos de diferente são as experiências. Sou uma mulher trans, casada, estudante, mestranda agora em Ciências Políticas Internacionais. Diferente do que a sociedade marginaliza lá fora”, exemplificou.
“Espero um Brasil muito melhor, igualitário. João Doria tem dado essa oportunidade para a gente. Politicamente ainda somos pequenininhas, mas tenho certeza que através de nós, empreendedoras políticas, vamos avançar no topo da igualdade”, acrescentou.
Integrante do Secretariado de Mulheres do PSDB e da Diversidade Tucana, Silvia Cibele ressaltou que o que as mulheres esperam é ser vistas.
“O primeiro passo é estarmos no espaço de decisão. E para estarmos aqui, muitas vezes, e quem for mulher negra, que está embaixo, vai entender o que eu estou dizendo, a gente tem que respirar, muitas vezes recuar. Mas não é porque a gente é fraca. É porque a gente é inteligente”, considerou.
“Estar aqui não é te representar, é mostrar para vocês que é possível, e que vocês poderão estar aqui amanhã. Nós somos competentes, somos capazes. Nós precisamos de oportunidade. E nós vamos buscá-las através das políticas públicas, para nos capacitar”, disse.
“Nós saímos do sistema escravocrata, não somos mais escravizadas. A nossa voz precisa reverberar, porque as meninas negras que estão lá na periferia de onde viemos, Zona Leste e Zona Norte, precisam entender que esse espaço dos homens brancos, machistas e racistas também é nosso, se nós conquistarmos esse espaço. Faremos isso com capacitação, dedicação e inovação, estando preparadas”, completou a tucana.
Municipalismo
Por sua vez, a deputada estadual e pré-candidata à reeleição, Maria Lúcia Amary, falou sobre a importância de um governo municipalista, exemplo dado ao resto do país por São Paulo.
“Os governos de Doria e Garcia valorizaram todos os municípios, sem distinguir encaminhamento ideológico, partidário, se o município era pequeno, médio ou grande. Atingiu todos os municípios do estado de São Paulo com algum tipo de atenção. Isso mostra o que fará João Doria no Brasil, com esses estados que estão deixados na mão de políticos totalmente irresponsáveis”, avaliou.
“Nós queremos menos discurso de ódio, menos intolerância, menos discriminação. Mas, sobretudo, garantia de acesso. O governo de São Paulo é o governo que representa o Brasil. Depois de cinco mandatos, eu nunca vi um governo que atendeu as demandas e olhou todos os segmentos, na questão da mulher, todos os valores, todas as acessões sociais. Nós não podemos só fazer programas, temos que ter uma rede de proteção. Essa rede de proteção tem sido consolidada dentro do Governo do Estado de São Paulo”, concluiu a tucana.