O Secretariado Nacional da Mulher/PSDB promoveu, nesta quarta-feira (30/03), em parceria com a Fundação Konrad Adenauer no Brasil (KAS Brasil) e o Instituto Teotônio Vilela (ITV), o segundo e último dia do Seminário Virtual de Capacitação Política: Eleições 2022, para pré-candidatas a algum cargo eletivo no pleito deste ano. A iniciativa é parte de um esforço contínuo de ampliação da representatividade feminina nos espaços de poder.
Na avaliação da presidente do PSDB-Mulher Nacional, Yeda Crusius, o Secretariado e a KAS Brasil têm buscado fazer história na capacitação política de mulheres, debatendo com as tucanas temas importantes, como Cidades Sustentáveis, e como eles podem ser convertidos em políticas públicas para cada localidade.
“Para nós, política é compromisso. É esse compromisso que fará com que se melhore a política em geral, a partir das mulheres. Fazer isso para o âmbito das eleições gerais 2022 é, na verdade, fazer não apenas em nome do PSDB-Mulher. Nós já derrubamos os muros. Nós queremos fazer em nome das mulheres”, destacou.
Objetivos de desenvolvimento sustentável
Ela explicou que a Agenda 2030 se trata de um plano de ação com 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, os ODS, e 169 metas para erradicar a pobreza e promover uma vida digna para a população do planeta, dentre elas igualdade de gênero, educação de qualidade, saúde e bem-estar, redução das desigualdades, ação contra a mudança global do clima, entre outras.
“Essa agenda é integrada. Não dá para desassociar os ODS da agenda econômica, social e ambiental”, pontuou. “As metas devem considerar as realidades de cada país. O IBGE [Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística] analisou os indicadores propostos pela comunidade internacional para investigar quais se aplicavam aqui no Brasil, e o IPEA [Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada] trabalhou com o que a gente chama de nacionalização das metas”, disse.
Zuleica defendeu a municipalização desses objetivos, para que eles sejam transformados em políticas públicas concretas e melhorias para a qualidade de vida das pessoas. Vem daí a importância das pré-candidatas incluírem esses conceitos em suas propostas de campanha. Ela destacou como exemplo o ODS nº 5: igualdade de gênero.
“Levantamos essa semana dados em relação à eleição de 2020. Dentre os prefeitos e prefeitas eleitos, 87,94% foram homens e 12,06%, mulheres. Também há uma diferença muito grande em relação à participação de homens hoje no Parlamento. Essa é a importância da gente incluir mais representatividade. A questão da igualdade de gênero passa por todos os ODS”, argumentou.
Entre as participantes do seminário, a coordenadora do PSDB-Mulher na região Nordeste, Iraê Lucena, ressaltou que as discussões do dia vão fortalecer as mulheres que pretendem se lançar como candidatas. “Esse tema, essa bandeira de Cidades Sustentáveis, combina muito com nós, mulheres. A gente diz que as mulheres têm aquele olhar de cuidar. Cuidar de quê? Da sua cidade”, frisou.
Já a psicóloga e mestra em Direitos Humanos Tarsila Crusius contou como teve a oportunidade de participar do processo de internalização dos ODS no Brasil. Ela ressaltou a importância de se eleger representantes que coloquem esses temas em pauta nas câmaras estaduais e Federal, e que possam retomar as discussões iniciadas pela Comissão Nacional para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (CNODS), criada em 2016 para difundir a Agenda 2030 no país e extinta pelo atual governo.
“O papel das nossas futuras deputadas, tanto no estado quanto no governo federal, é fundamental, porque sem o fortalecimento dessas políticas públicas e sem essa exigência de que se destine recurso pensando no atingimento desses objetivos, fica mais difícil implementar essas estruturas. Que não sejam somente excelentes intenções, que não estejam somente presentes no discurso, mas que hajam cobranças efetivas e proposições para que nas políticas públicas esse compromisso esteja lá, reafirmado e refletido a todo o momento”, ponderou.
Financiamento de campanha
Segundo ela, não dá para falar de financiamento de campanha sem falar de orçamento:
“Orçamento é um plano financeiro para a gente tentar prever quais serão as despesas durante a pré-campanha e a campanha eleitoral. O que eu vou fazer? Quanto eu vou gastar? É estratégico ter um orçamento atualizado. Bom planejamento ajuda muito a entender quais são as prioridades da campanha e a tomar decisões mais rápido”, colocou.
A consultora listou os diversos tipos de captação de recursos a que as pré-candidatas podem recorrer – recursos próprios; financiamento via partido político, agora com cota em dobro para mulheres e pessoas negras; financiamento coletivo; eventos de arrecadação; reuniões com pessoas físicas; vendas de material de campanha; e transferência de outros candidatos – além das vantagens e desvantagens de cada um deles.
“Nunca dependam de uma fonte só de financiamento, façam um planejamento. A prioridade de vocês deve ser conversar com os eleitores. 70% dos gastos devem ser com isso”, aconselhou.
Karin também deu dicas de como negociar recursos com os partidos políticos, mostrando o potencial de uma candidatura forte e estratégica.
“Os partidos querem apoiar uma campanha que tem mais potencial de se eleger. Como vocês podem negociar: mostrem uma campanha organizada. Força, potencial de mobilização, potencial de voto. Desenhem direitinho a sua narrativa. Qual é a sua história, quais são os pontos fortes dela que as pessoas precisam conhecer?”, elencou.
A assessora jurídica do Secretariado Nacional da Mulher/PSDB e vice-presidente do PSDB-Mulher do Distrito Federal, Luciana Loureiro, complementou:
“A distribuição [dos recursos] é feita com base na estratégia partidária. A Constituição Federal garante esse direito aos partidos. O PSDB-Mulher sempre atende as nossas candidatas, mas não deixamos de verificar a estratégia”, comentou.
Desafios da comunicação
“Comunicação não é o que eu digo, e sim o que o outro entende. Ninguém nasce sabendo a falar com o público. É algo que a gente consegue aprender com muito treino”, destacou Laila.
As tucanas fizeram exercícios de postura, respiração e impostação vocal, e aprenderam sobre a importância da linguagem verbal e não-verbal para passar confiança e assertividade no trato com o público.
“Evitem falar no diminutivo na comunicação, falar ‘eu acho’. Usem expressões mais assertivas, no presente. Assertividade não é só você falar certo, é conseguir passar o conteúdo que você se propõe. É conseguir debater, colocar o meu ponto de vista, sem ser agressiva. Assertividade é chegar ao seu objetivo”, pontuou.
A fonoaudióloga também deu dicas para o uso da comunicação não-violenta, que permite a argumentação sob pressão de forma firme, mas educada.
“Quando você vai depender um ponto de vista, você não vai colocar a sua opinião de cara, pois isso pode criar uma resistência, parece que estou me impondo. Para você conseguir fazer com que os seus argumentos sejam embasados, você vai começar blindando a sua opinião antes de dar a sua opinião, começando com um fato, alguma pesquisa, alguma situação que você viveu”, exemplificou.
Ao término de dois de dias de aprendizado intenso, as participantes do seminário agradeceram ao PSDB-Mulher e à KAS Brasil pela iniciativa.
“Já fui candidata por outro partido e não tinha nada disso”, afirmou a tucana Iris Oliveira do Nascimento. “Estou muito agradecida e encantada pelo trabalho que vocês têm feito. Parabéns! Os aprendizados foram riquíssimos. Tenho certeza que cada uma de nós está saindo daqui muito mais fortalecida”, completou.