Uma matéria da BBC sobre o número de suicídios de mulheres na Índia me assustou profundamente. Apesar de termos ideia dessa realidade, a notícia nos impacta de uma forma muito dolorosa. São pessoas, mulheres, meninas, que representam 36% de todos os suicídios globais na faixa etária de 15 a 39 anos. Para você ter uma ideia, segundo dados oficiais divulgados, 22.372 donas de casa na Índia cometeram suicídio no ano passado; ou seja, uma média de 61 suicídios por dia ou um a cada 25 minutos. Você consegue imaginar esse número e não se inquietar sobre por que isso acontece?
Segundo as autoridades, a culpa por esses suicídios está em “problemas familiares” ou “questões relacionadas ao casamento”. Na Índia, as meninas casam muito jovens e não têm perspectivas de futuro. Elas vivem muitas vezes com todo tipo de restrições. Com isso, os sonhos vão desaparecendo e o desespero e decepção se instalam, tornando a própria existência uma grande tortura, o que as levam a tirarem a própria vida.
No Brasil, de acordo com o relatório da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), o número de mulheres que cometem suicídio cresceu 45,7% entre 2009 e 2018.
Já que o Janeiro Branco chama a atenção para a importância do cuidado com a saúde mental e o suicídio é a segunda principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos, que acabam fazendo parte de um grupo em situação de vulnerabilidade, precisamos voltar um olhar especial para as doenças mentais, não somente no Setembro Amarelo, mês que chama atenção para a prevenção ao suicídio.
Os distúrbios mentais, como a depressão e o abuso de álcool, estão altamente relacionados com as tendências à automutilação. Temos que tratar o assunto com seriedade. A falta de perspectiva de trabalho e autonomia, além da dificuldade de acesso a especialistas para cuidar da saúde mental, tornam esse público muito mais vulnerável.
Na Índia, no Brasil, ou em qualquer lugar do mundo, o suicídio precisa ser tratado com seriedade pelas autoridades. Não podemos esperar que essas doenças levem mais pessoas. É preciso que tenhamos empatia e observemos mais as pessoas ao nosso redor. Muitas vezes uma palavra pode salvar uma vida.
*Larissa Rosado é vereadora por Mossoró (RN) e presidente do PSDB-Mulher do Rio Grande do Norte