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“Idosos são mais de 30 milhões e merecem atenção e cuidado”, por Angela Sarquiz

Em quase dois anos de pandemia da Covid-19 não há uma pessoa sequer que deixe de sentir os efeitos do coronavírus no mundo, na sociedade, na convivência e, sobretudo, na cabeça de cada um de nós. Porém, tem um grupo que sofre esses impactos de maneira mais intensa: os idosos. Só no Brasil, mais de 30 milhões de homens e mulheres estão acima dos 60 anos. Em 2030, serão mais idosos do que crianças e jovens, segundo estimativas.

Os idosos que, com a pandemia, tornaram-se o público-alvo por suas comorbidades e a fragilidade da própria idade. Resultado? Tiveram de se isolar quase que completamente: nada de almoços de domingo, visitas dos filhos e netos. Tampouco encontros com os amigos, passeios, viagens e uma chegadinha à lojinha da esquina ou à farmácia.

Para os jovens, o mundo da internet é real e próximo. Para os idosos, é uma incógnita, um mistério completo. Se isso já não bastasse, há o fantasma da morte que os ronda de forma permanente. Dados do Portal da Transparência do Registro Civil mostram que, no primeiro ano de pandemia, 70% a 80% dos óbitos estavam concentrados entre pessoas com mais de 60 anos.

Aliado a isso sabemos que o risco de hospitalização é quatro a cinco vezes maior na população idosa sobretudo para quem está acima dos 80 anos. A ignorância faz com que muitos enxerguem este como um grupo homogêneo, o que não é verdade, pois há aqueles que são robustos e podem fazer quadros leves e com poucas sequelas da doença e outros mais frágeis.

Um estudo do Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo), realizado com 150 pessoas, revelou que após 30 dias de receberem alta hospitalar, 91% dos idosos apresentaram perda de peso, sensação de exaustão, baixa atividade física, diminuição da velocidade da marcha e redução da força de preensão palmar.

Para completar vários deles tiveram efeitos psíquicos e psicológicos, como depressão, medo, ansiedade, insônia entre outros. O isolamento, a falta de perspectiva, o temor e as incertezas são fatores de gatilhos, segundo os especialistas, para o desencadeamento de transtornos mentais severos.

É preciso ligar a luz de alerta e tomar conta daqueles que fizeram tanto pelo país. Os idosos têm direito à qualidade de vida e sonhos, a pandemia não está autorizada a encerrar a vida deles nem tampouco transformá-los em bibelôs presos em caixas. O 1º de Outubro, Dia Nacional do Idoso, tem de ir além dos poemas e dos agrados, é necessário partir para a prática de ações que transformem o cotidiano dos mais vividos em dias melhores.

*Angela Sarquiz é assessora executiva do Secretariado Nacional da Mulher/PSDB e presidente de honra do PSDB-Mulher do Rio Grande do Sul.

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