A prefeita de Caruaru (PE), Raquel Lyra (PSDB), participou nesta terça-feira (28/9) do segundo dia da Conferência Brasileira de Mudança do Clima (CBMC), encontro virtual que reúne organizações não governamentais, movimentos sociais, povos tradicionais, governos, comunidade científica e os setores público e privado, com o objetivo de promover o diálogo sobre responsabilidade climática.
Ao integrar o painel “Mulheres na Vanguarda da Transição Energética”, a tucana explicou como a sua gestão em Caruaru tem buscado trabalhar, de maneira sistemática, o enfrentamento à mudança climática. Uma das principais mudanças promovidas foi no do descarte de resíduos sólidos nos aterros sanitários.
Em uma cidade de cerca de 370 mil habitantes, são recolhidos diariamente cerca de 350 toneladas de resíduos sólidos.
“Buscamos trabalhar todas as potencialidades que os resíduos nos trazem. Criamos a coleta seletiva, colocamos em alguns condomínios e bairros da nossa cidade. Criamos um galpão de triagem, construímos ele com maquinário moderno, e colocamos a associação de catadores lá dentro, gerando emprego e renda. A partir daquilo que seria enterrado, a gente pode garantir a sustentação de diversas famílias, e com isso também diminuir os impactos ambientais de simplesmente enterrar tudo”, disse.
O município também recebeu a primeira usina de biogás do Nordeste. Por meio de parceria da Central de Tratamento de Resíduos (CTR-Caruaru) com a iniciativa privada, o gás gerado pela matéria orgânica enterrada no aterro sanitário passou a produzir energia elétrica.
“Hoje se produz, em uma parceria com a iniciativa privada, energia elétrica que é capaz de gerar energia de maneira contínua para cerca de seis mil moradias da zona rural do nosso município. Diferentemente do potencial de energia eólica e elétrica, a usina de biogás tem uma estocagem de gás com baixos custos, e é gerada energia no dia inteiro”, destacou a prefeita.
Dentre as iniciativas de desenvolvimento sustentável promovidas por Raquel Lyra no município estão ainda a compostagem da matéria orgânica de feiras e da Central de Abastecimento de Caruaru (Ceaca), que é transformada em adubo orgânico que volta para as praças e parques da cidade, e a diversificação da produção da agricultura familiar, por meio de um uso mais sustentável do solo.
“Em uma área onde a gente tem pouca água, a gente pode trabalhar de maneira inteligente, gerar renda através dos resíduos sólidos”, justificou ela.
“Estamos em um período em que temos o risco de apagão, as hidrelétricas têm dificuldade de água pela escassez de chuvas, aumento da temperatura, mudança climática de uma forma geral, e a gente precisa atuar em diversas frentes: plantar mais árvores, garantir a recomposição das nascentes dos nossos rios. Cada um dos municípios tem o dever e a responsabilidade de fazê-lo”, completou a tucana.
O painel contou ainda com a participação da deputada estadual da Paraíba Pollyana Dutra; da prefeita de Jandaíra (RN), Marina Dias Marinho; da presidente do Instituto Talanoa, Natalie Unterstell; e da cofundadora do Instituto Alziras, Michelle Ferreti.
A CBMC é uma iniciativa coletiva e apartidária nascida em 2019, estimulada pelo Instituto Ethos com a participação de diversos correalizadores públicos e privados, entre eles a Fundação Konrad Adenauer (KAS Brasil).