Um levantamento realizado pelo jornal O GLOBO e publicado em reportagem, neste domingo (25/7), mostra que oito a cada dez mulheres parlamentares já sofreram algum tipo de violência política de gênero. A reportagem conta que foi solicitado a 78 deputadas e 12 senadoras que respondessem a um questionário com 24 perguntas sobre o tema. A pesquisa foi respondida por 73. Destas, 59 (80,8%) relataram já ter passado por algum episódio de violência durante o mandato.
A maior parte das entrevistadas relata violência dentro do próprio Congresso (54,8%). A deputada federal, Shéridan (PSDB-RR) é uma delas. A tucana relata que foi assediada por um parlamentar após ficar mais de meia hora explicando uma matéria importante de sua relatoria.
“Ele disse que não conseguiu prestar atenção em nada do que falei porque estava olhando para a minha boca”, contou a deputada.
Shéridan ainda confidenciou que, acabou por não denunciar o caso pelo risco de ser taxada de “louca”, adjetivo que 34,3% das parlamentares já ouviram, segundo a enquete. Dias antes, ela já havia sido chamada de “gostosa” por um deputado no plenário.
“Aquilo fez com que o trabalho que eu estava construindo em torno de uma temática relevante perdesse espaço. É agressivo, insalubre e acontece o tempo todo”, desabafa.
Os ataques contra estas mulheres que atuam na política vão além das paredes do Congresso. De acordo com o jornal, na internet, ambiente em que 63% das deputadas e senadoras relataram ataques, a violência inclui ameaças de morte e estupro contra as parlamentares e suas famílias.
As mulheres relataram também situações como ser excluída de debates (30,1%) e de não serem escolhidas para relatorias de matérias ligadas a economia, trabalho ou reformas importantes do governo federal.
A reportagem aponta que também são consideradas situações de violência de gênero questionamentos sobre aparência física e forma de se vestir (relatado por 34,3% das entrevistadas) e comentários sobre o corpo e a vida pessoal (45,2%). O resultado deste cenário de ataques constantes pode levar ao desestímulo à participação feminina na política: 90,4% acham que essas agressões afastam as mulheres.
A divulgação dos resultados vem uma semana após o Senado aprovar um projeto de lei que visa combater esse tipo de comportamento. A medida prevê punição para quem cometer “ação, conduta ou omissão com a finalidade de impedir, obstaculizar ou restringir os direitos políticos” das mulheres nas eleições ou no mandato. A expectativa, agora, é que o texto seja sancionado pela presidência da República.
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Com informações do Jornal O GLOBO