O Secretariado Nacional da Mulher/PSDB promoveu, na noite desta sexta-feira (28/5), o terceiro debate da série de encontros com os líderes tucanos que estão dispostos a participar das prévias que escolherão o candidato do PSDB à Presidência da República. Com o tema “Prévias, democracia e partido: para onde vamos? – Conversa com os presidenciáveis”, a live teve como convidado o diplomata Arthur Virgílio Neto (PSDB-AM), e foi mediada pela presidente do PSDB-Mulher Nacional, Yeda Crusius.
Transmitido pelo canal PSDB Brasileiras/PSDB-Mulher no Youtube, o debate já conta com mais de 250 visualizações.
Yeda Crusius abriu as discussões destacando que, ao apresentar quatro pré-candidatos à Presidência da República e iniciar um processo de prévias, o PSDB se apresenta não como uma terceira via na disputa presidencial, mas sim a primeira.
Ela falou ainda sobre um dos itens chave do Planejamento Estratégico do PSDB-Mulher para 2021 e 2022, presente também na carta-compromisso que será entregue aos candidatos às prévias: o apoio à Agenda 50/50.
“Você muda a democracia e a qualidade dela, você reduz a violência, se a política representar aquilo que é a sociedade: meio a meio. Metade homem, metade mulher”, afirmou.
Para a presidente do PSDB-Mulher, o caminho para se iniciar uma discussão nacional sobre paridade de gênero nos espaços de poder deve ser trilhado dentro dos partidos políticos.
“Dada a maneira pela qual a gente é barrada no caminho da autossuficiência, autonomia, determinação, a sociedade é violenta por causa disso. Porque ela não representa a realidade. Então, dentro do partido, a nossa proposta é que a gente já comece aceitando a tese dos 50/50, como a OAB [Ordem dos Advogados do Brasil] começa a aceitar, como os Tribunais estão buscando fazer”, elencou.
“Que a gente, além de entrar no mundo externo com um pouquinho mais de dignidade, entre no mundo interno, começando pelo PSDB aquilo que outros partidos também seguirão. Essa é a nossa demanda”, acrescentou Yeda.
Arthur Virgílio Neto elogiou o trabalho desempenhado pelo PSDB-Mulher na luta por mais representatividade feminina na política, e se mostrou favorável ao pleito das mulheres por igualdade.
“Se cresce o PSDB-Mulher, cresce o PSDB como um todo, porque nós estamos falando de quem representa 53% do eleitorado brasileiro”, justificou.
“Eu vi coisas horríveis acontecerem há um ano e pouco atrás. Recursos da lei eleitoral destinados a mulheres serem usados de maneira falsa, por homens. E acontece comumente. Continuam usando a mulher como se fosse um objeto, nesse caso um objeto eleitoral. Ou seja, ‘você se candidata, mas não se elege. E não se elege, entre outras coisas, porque eu fico com 90% do dinheiro que caberia para você brigar pela sua eleição’”, exemplificou.
O tucano argumentou que as mulheres na política são obrigadas a travar uma luta contra o atraso.
“Lutar contra a inteligência seria o equivalente a quem luta contra a ascensão política, social, econômica da mulher, que vai abrindo o seu caminho no braço, no peito”, constatou.
O momento é de união
“Os outros partidos vão acabar copiando isso, o que é uma coisa muito bonita. Vamos ser pioneiros outra vez”, considerou.
Ele avaliou que chegou o momento de o PSDB reassumir seu papel de protagonismo nacional, apontando o parlamentarismo e a social-democracia como solução civilizada para as crises políticas e oferecendo uma alternativa às extremas direita e esquerda que polarizam o cenário eleitoral.
“Entendo que está na hora de o Brasil unir os brasileiros, e enterrarmos a ideia do ódio, do eles contra nós, nós contra eles. Essa divisão é nociva, perversa, é ruim socialmente, mostra atraso. Não é o que nós queremos”, pontuou.
“Eu, por exemplo, dialogaria com opositores tanto quanto dialogaria com os meus companheiros, porque entendo que não posso deixar um opositor meu, só se ele quiser, virar inimigo. Não tenho essa teoria do inimigo. Tenho a teoria daquele que pensa diferente de mim. Nós estamos dispostos a dialogar, a conversar. Mas claro que nós entendemos que o PSDB tem plenas condições e quadros para lançar um candidato a presidente e para obter êxito”, salientou.
Brasil em crise
Diplomata de carreira, tendo atuado como ministro chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República no Governo Fernando Henrique Cardoso, deputado federal e senador pelo estado do Amazonas, e prefeito da capital Manaus por três mandatos, Arthur Virgílio Neto fez críticas à atual diplomacia brasileira, e em especial ao ex-chanceler Ernesto Araújo.
“Nunca estivemos tão em baixa. Somos um país desacreditado. Tivemos um ministro das Relações Exteriores que foi o pior da história”, lamentou.
“Temos que ter um grande papel de solucionador de crises, respaldados pelos organismos internacionais. O Itamaraty tem que voltar a ser um lugar de excelência. A diplomacia ajuda no desenvolvimento, ajuda o país a crescer”, ponderou.
Para o tucano, não só a diplomacia, mas todo o Brasil, está em crise. Além de ter virado “chacota internacional”, o país vive um colapso na saúde, não tem uma política de segurança pública efetiva e testemunha a falência de suas universidades federais, além de uma recessão econômica sem precedentes.
“Estou vendo aí um trilhão de reais de déficit primário. Isso é descabido. Estou vendo as dificuldades de se tocar os projetos de privatizações. O Brasil, em um governo eventual nosso, caberá no seu orçamento. Absoluto compromisso com a austeridade fiscal. Foi assim que eu fiz nos meus três governos em Manaus. Absoluto compromisso com as reformas estruturais, sem as quais o país vai crescer em ritmo menor e mais lento”, apontou.
Diversidade e minorias
Durante o debate, Arthur Virgílio ressaltou a importância da Amazônia como uma região estratégica não apenas para o Brasil, mas para o mundo, destacando a necessidade de investimentos em bionegócios, com aproveitamento sustentável da biodiversidade natural. Nesse ponto, as Forças Armadas teriam um papel fundamental como “potência defensiva, jamais ofensiva”, na manutenção e proteção das florestas em território brasileiro.
O tucano também deixou claro alguns de seus posicionamentos, frisando que o Brasil precisa desenvolver políticas públicas específicas que contemplem as minorias e a diversidade.
“Sou completamente contra qualquer manifestação homofóbica. Sou contra o racismo de maneira muito dura. Sou a favor de apertarmos a legislação a respeito do feminicídio, porque os números são escandalosos. Três mulheres mortas por dia no ano de 2020. Hoje, a cada dois segundos uma mulher é agredida, e em 2020 nós recebemos o desonroso título de quinto país com mais casos de feminicídio”, observou.
“Não vejo as pessoas com deficiência. A gente tem que entender que deficiente é o Estado brasileiro, que não é capaz de dar o possível para cada cidadão ter aproveitadas as suas qualidades maiores. Todos têm o que colaborar”, completou ele.
Assista a íntegra do debate: