A sessão da CPI da Pandemia desta quarta-feira (5/5), dia em que prestou depoimento o ex-ministro da Saúde Nelson Teich, foi marcada por uma discussão entre os parlamentares por conta da participação da Bancada Feminina do Senado nos trabalhos da comissão. A oitiva chegou a ser suspensa por alguns minutos, até os ânimos se apaziguarem.
Tudo começou quando o presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), permitiu que a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) fizesse questionamentos ao ex-ministro antes dos demais integrantes do colegiado, na condição de representante da Bancada Feminina.
Vale lembrar que, dentre os 18 membros da CPI, sejam titulares ou suplentes, não há nenhuma mulher. Sem vaga formal na comissão, as senadoras têm se revezado para acompanhar as audiências presencialmente, articulando também o seu direito à fala durante os trabalhos.
Senadores governistas protestaram contra a decisão, alegando não haver previsão para essa concessão no regimento interno da Casa.
“Não ficou definido em momento nenhum. Ninguém respeita mais as mulheres do que o meu partido. Agora, se foi um erro das lideranças não indicar as mulheres, a culpa não é nossa”, tentou justificar o senador Ciro Nogueira (PP-PI).
Já o senador Marco Rogério (DEM-RO) acusou os integrantes da CPI de terem permitido fala da Bancada Feminina para se oporem ao presidente Jair Bolsonaro.
“O que se busca aqui parece é que é engrossar o coro daqueles que querem ‘dar peia’ no presidente Bolsonaro”, afirmou.
As falas foram prontamente rebatidas por Eliziane Gama: “Só não entendo por que tanto medo das vozes femininas”, apontou.
Presidente da Bancada Feminina na Casa, a senadora Simone Tebet (MDB-MS) complementou a resposta da parlamentar.
“Há uma grande diferença de privilégio e prerrogativa. Privilégio é inadmissível em um estado de direito e as mulheres dessa casa nunca vão pleitear. Prerrogativas é diferente. Nós pedimos ao plenário dessa comissão na data de ontem que pudéssemos ter direito a uma fala na lista dos titulares e suplentes”, disse.