Tucanas se reuniram a diversas lideranças femininas nesta sexta-feira (29/01), em um encontro virtual com a senadora Simone Tebet (MDB-MS), para dialogar sobre empoderamento e a presença da mulher na política e na sociedade. Além da presidente do Secretariado Nacional da Mulher/PSDB, Yeda Crusius, participaram do debate a presidente de honra do PSDB-Mulher, Solange Jurema; a senadora Mara Gabrilli (SP); a prefeita de Novo Hamburgo (RS) Fátima Daudt; a presidente nacional do Tucanafro, Gabriela Cruz; a ex-ministra e doutora em Educação Wanda Engel; e a ex-deputada constituinte Moema São Thiago; além de representantes de outros partidos e da sociedade civil.
“É uma alegria a manutenção e sustentação da sua candidatura. A coisa mais comum, no entanto, é essa pressão política”, avaliou. “Há um retrocesso mundial, e contraposto a essa onda de retrocesso está o crescimento no campo da presença da mulher na política, da igualdade, da democracia. Fazemos parte dessa rede”, destacou.
A tucana afirmou que a construção dessa rede têm sido o objetivo do PSDB-Mulher Nacional desde a sua criação, o que tem se intensificado nos últimos anos, com a atuação do Secretariado na mobilização e capacitação de lideranças femininas em todo o Brasil.
“A velha guarda se juntou à nova guarda no PSDB-Mulher, com as ex-ministras Solange Jurema, Aspásia Camargo, Wanda Engel e eu, para fazer em 2020 um movimento de resistência ao retrocesso evidente em todo o mundo no campo de gênero. Com muitas mulheres na agenda mundial em postos de poder, tudo está para ser conquistado”, disse. “Que tudo possa mudar a nosso favor, a favor do Brasil”, acrescentou.
“Na minha caminhada como primeira mulher candidata, ouvindo todos os segmentos da sociedade como eu ouvi, meu compromisso é levar a voz e experiencia de vocês para o plenário do Senado, fazendo um canal para que a gente possa efetivar isso. Quero ser a voz de vocês no Senado”, disse Simone Tebet.
União suprapartidária
A presidente de honra do PSDB-Mulher, Solange Jurema, celebrou a união suprapartidária de mulheres de diversos setores da sociedade em prol de uma agenda em comum.
“É necessário nos posicionarmos a favor das nossas pautas, porque se nós mulheres não nos posicionarmos a favor das nossas lutas, não conseguimos nada. O que a gente tem visto nesse século 21 é a perda de muitas conquistas. O Ministério da Mulher, o aumento da violência”, exemplificou.
“Nós mulheres precisamos nos unir para não perdemos os direitos que já conquistamos, e que foram conquistas árduas, ao longo de muitos anos, de muitas mulheres, que estão sendo abandonadas. As mulheres já elegeram suas pautas prioritárias, que estão sendo ignoradas. Como presidente do Senado, você pode retomar essas pautas”, disse ela a Simone Tebet.
A senadora do MDB recebeu ainda o apoio do Movimento Negro Partidário (MNP), que entregou a ela uma carta com sugestões de ações afirmativas para a pauta social. Entre os membros do grupo suprapartidário está Gabriela Cruz, presidente nacional do Tucanafro.
“Entregamos essa carta de intenções para que o Senado possa olhar pela promoção da igualdade racial e o combate ao racismo. Nós temos muitas dores porque somos fruto de quase 400 anos de escravidão, e nenhum direito garantido. Hoje nós temos um desgoverno, um projeto de genocídio da população negra, porque nossas conquistas estão sendo deslegitimadas e desconstruídas”, avaliou ela.
A tucana lembrou ainda a importância de se aliar a pauta da representatividade feminina na política a temas como racismo estrutural, lideranças plurais e interseccionalidade.
“Precisamos discutir interseccionalidade para que todas nós mulheres possamos olhar para gênero e raça. Negros e negras podem ocupar todos os espaços, mas nós estamos subrepresentados”, salientou.
Campo minado
Ex-ministra da Secretaria de Assistência Social do governo Fernando Henrique Cardoso, Wanda Engel destacou que o Brasil vive hoje uma política dominada por grupos interessados em manter apenas os seus próprios direitos, usando de meios autoritários e não democráticos para isso.
Nesse sentido, a candidatura de uma mulher para a Presidência do Senado representa uma ruptura desse paradigma. Caberá a outras mulheres apoiá-la nesse processo e pensar em políticas públicas que promovam mudança.
“Quero poder contribuir com a minha experiência nessa luta, contra a pobreza, a desigualdade, justamente o campo que eles querem destruir. Quero contribuir para a formação de um grande bloco, que discuta causas ligadas à democracia, liberdade e respeito. Ou a gente faz isso agora, ou pode não dar mais tempo. O campo estará minado. O que estamos vendo é a destruição dos espaços de cidadania. É um tipo de pensamento e proposta que vem se consolidando no mundo”, constatou.
Bons exemplos
Na luta por mais representatividade feminina nos espaços de poder fica clara a importância dos bons exemplos, que vêm de mulheres que já ocuparam esses cargos e têm sua experiência a oferecer em favor do novo. Durante o debate, a prefeita de Novo Hamburgo, Fátima Daudt, revelou que uma de suas inspirações para ingressar na vida pública foi acompanhar a trajetória da ex-governadora do Rio Grande do Sul Yeda Crusius.
Ainda assim, os obstáculos não são poucos. Ela contou que mesmo sendo a primeira mulher eleita para a presidência da Associação Comercial, Industrial e de Serviços da região, foi ao entrar para a política que ela sentiu pela primeira vez o peso do preconceito de gênero.
“Fui presidente de uma associação comercial e industrial por anos, mas foi na política que encontrei o preconceito. Nossa maior arma é a competência, mas foi ao chegar na política que vi o que é o preconceito como um obstáculo, e o quão difícil tornam o caminho para nós mulheres”, apontou.
É justamente pelo caminho das mulheres até cargos representativos ser dificultado, que os êxitos de mulheres que unem para desafiar o status quo devem ser celebrados. Para a ex-deputada Moema São Thiago, o mundo vive hoje um momento único e propício para a transformação. Ela citou como exemplos a eleição de Kamala Harris à vice-presidência dos Estados Unidos e as lideranças de primeiras-ministras como Jacinda Ardern na Nova Zelândia, Mette Frederiksen na Dinamarca, e Katrín Jakobsdóttir na Islândia.
“Esse é um novo momento, uma nova era, em que características como empatia e coragem, características de nós mulheres, são reconhecidas como inteligência emocional. A luta da mulher é uma luta suprapartidária, pela unidade e solidariedade”, completou a tucana.