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Candidatas respondem por 65% do total de candidaturas “zeradas”

Foto: EBC - Agência Brasil

Mais de 5 mil candidatos não receberam nem um voto sequer nas eleições municipais de 2020, segundo levantamento do G1 com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Desse total, 65% são mulheres.

Isso aconteceu apesar de as candidaturas femininas representarem apenas 33% do total de candidatos.

Sem voto por cidade

As cidades que concentram mais candidatos sem voto estão no Amazonas e em Pernambuco.

Itacoatiara (AM) encabeça a lista, com 26 candidatos que não foram votados. Desses, 20 são mulheres.

Razões para não ter voto

De acordo com Henrique Neves, há diversos motivos legítimos para um candidato não ter votos. Ele lista, por exemplo, uma possível desistência após o início da campanha, doença, trocas e erros no registro do número e do nome, entre outros. Problemas desse tipo, no entanto, deviam afetar igualmente homens e mulheres, diz, o que não ocorreu.

“Vamos dizer que seja dentro de uma justificativa válida. Por exemplo: ‘fiquei com medo da Covid-19’. A não ser que você prove que as mulheres têm mais medo do que os homens, o que não existe, a divisão desse número deveria seguir a proporção do total de candidaturas”, afirma.

Carlos Vinícios Cavalcante, coordenador de registros e informações processuais do TRE-RS, reforça que problemas no registro das candidaturas costumam acontecer.

“Temos um rol muito grande de candidatos e, não raras vezes, existem problemas. Já aconteceu de candidato fazer a campanha toda com o número errado, por exemplo. Dois dígitos trocados”, afirma.

Segundo ele, o Ministério Público Eleitoral costuma fazer a varredura dos candidatos para identificar possíveis laranjas. Além da falta de votos, ele lista a inexistência de gastos de campanha e fotos e documentos retirados da internet como outros possíveis indícios.

“Se a pessoa não teve voto algum e nem gasto algum, isso vai formando elementos para que, se o MP entender, possa iniciar um procedimento investigatório para ver se a candidatura é uma fraude ou não.”

Os especialistas lembram que o prejuízo para o partido que é pego cometendo a fraude na cota de gênero é muito grande: a perda dos votos de todo o partido naquele município. E que, além do MP, os outros partidos e adversários costumam fiscalizar e denunciar essas irregularidades.

“Antigamente existia repercussão direta só para a candidatura. Mas hoje o entendimento é que todos os votos daquele partido no município vão ser anulados. Tem um custo alto”, diz Cavalcante.

*Com informações do G1.

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