A Plataforma Digital do PSDB-Mulher 2020 realizou, nesta segunda-feira (31/8), a sua última Masterclass do período pré-campanha. Denominada “Disputas eleitorais nas redes sociais – Eleições em tempos de pandemia” é o nome do evento, com o professor de Ciência Política da UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais e fundador da Quaest Pesquisa e Consultoria, Felipe Nunes.
Esta MasterClass faz parte de um conjunto de conteúdos da Plataforma Digital PSDB-Mulher 2020, destinados à formação e capacitação política das mulheres candidatas pelo PSDB, que pretendem concorrer aos cargos de prefeita, vice-prefeita e vereadora nas eleições municipais deste ano. O encontro aconteceu pelo canal da Plataforma Digital no Youtube.
Ao vivo, Felipe respondeu dúvidas das participantes. Foram mais de 155 visualizações. O professor apresentou um conteúdo exclusiva que ainda irá ser publicado, em forma de livro, de sua autoria. A publicação intitulada “Campanhas Eleitorais: Uma Guerra Sem Fim” ainda está em construção. “Fazer política, governar, é prestar contas o tempo inteiro, é engajar, mobilizar as pessoas, por meio desses canais que modificou as relações no mundo inteiro, que são as redes sociais, a internet, a mídia e plataformas digitais”, afirmou.
Campanha do Bolsonaro
Em um dos capítulos do seu livro, Felipe faz uma análise profunda sobre a vitória de Jair Bolsonaro, como presidente da República. “Ele ganha a eleição surpreendendo muita gente. A polarização entre PT e PSDB era mais esperada em 2018, mas o que aconteceu?”. O professor respondendo resumindo em cinco dimensões. “As regras do jogo mudaram muito. Se a gente pensar o tempo de TV e os dias de campanha que tínhamos nas eleições de 1989, era muito maior do que teremos em 2020 e tivemos em 2018. Caiu demais o tempo de exposição dos candidatos e o tempo de mobilização de campanhas de rua e de engajamento, por que as reformas foram diminuindo esse tempo”.
Programas x Inserções
A primeira lição, segundo Felipe, é que, na escolha entre inserções e programas de televisão, a candidata deve preferir as inserções. “São aqueles 30 segundos que aparecem durante a programação da TV. Esses spots são as oportunidades mais importantes numa campanha como a de 2020. O programa, para mim, perdeu muita relevância”, destacou.
Menos propaganda de rua, mais uso de redes sociais
“As pessoas estão se relacionando muito menos com a política de forma publicitária e propagandista, e cada vez mais por meio dessas plataformas. Precisamos nos preparar para uma campanha, onde estamos conectados o tempo inteiro. Hoje assistimos televisão com celular na mão. Mudou essa conjuntura e temos que adaptar nossas campanhas a esse novo modo de se adaptar”, destaca. É importante investir em mídias digitais, impulsionamento e segmentação. O recurso de impulsionamento deve servir para o Facebook e também para o Google. “É importante aparecer para o eleitor quando ele tá procurando um tema importante para você, e isso só acontece no Google”. A maneira de fazer isso é usando ferramentas como Google Adwords e Google Trends.
Construção emocional
Segundo o professor, um dos segredos do Bolsonaro foi realizar uma campanha contínua com o desenvolvimento de uma construção emocional, e essa é a terceira lição. “O Bolsonaro entendeu que a cadeia de engajamento das pessoas é muito longa, que deve começar muito antes, por que demanda muito tempo para transformar as pessoas de observadoras (quando elas sabem que você existe), para expectadoras (quando elas gostam do que você diz), para admiradoras (quando você mostra que é útil para elas), até que elas se tornem eleitoras (quando você se transforma em uma solução). Quem está na estrada há muito tempo, vai ter vantagem nessas eleições”, destacou, explicando que Bolsonaro não construiu “O Mito” da noite para o dia.
Comunicação sem mediação
Para Felipe, Bolsonaro criou uma nova forma de se comunicar com o eleitor, sem mediações. Em um chat as pessoas falam com todos os presentes, sem intermediação, por exemplo. “Essa quebra do cartel de mediação do debate e da comunicação é muito importante, que temos que entender. Como se faz política hoje, quando não se precisa mais de formadores de opinião ou de veículos de comunicação para intermediar os debates? Use os seus amigos”, estimulou.
Dados de uma pesquisa realizada em junho de 2019, pela Quaest Pesquisa e Consultoria, com 1.500 usuários de redes sociais no Brasil, afirmam que 91% das pessoas acreditam na opinião dos amigos; 65% confiam mais na opinião de amigos do que na opinião de especialistas; 53% já mudou de opinião influenciado por um amigo; 19% acreditam que propaganda é honesta; 12% acreditam em publicidade institucional; e 5% acreditam em políticos. “Ou seja, fidelizar os eleitores é fazer os amigos dos amigos dos seus amigos falarem bem de você. Por que a opinião é formada em rede”.
Falar “fora da bolha” das redes sociais
Falar “fora da bolha” das redes sociais, para a imprensa, ainda é muito relevante, sendo o professor de Ciência Política. “A imprensa é muito importante por que dá credibilidade e visibilidade para fora da bolha da rede. Bolsonaro estava na mídia desde 2015. Como ele conseguiu isso? Se posicionando. Como os políticos estão vivendo um grave problema de credibilidade, o eleitor prefere aquele que polemiza, mas que dá coragem a sua opinião, do que um político ensaboado. Todos querem verdade”, afirmou.
Além disso, explica Felipe que Bolsonaro usou muito bem a pré-campanha para construir um fã-clube para se contrapor aos militantes do PT. “É na pré-campanha que a gente constrói fã-clube e militância”, explicou.
Sobre Felipe Nunes
Felipe Nunes é professor de Ciência Política da UFMG e diretor da Quaest Polls and Strategy. Ph.D. em Ciências políticas pela University of California, Los Angeles (UCLA), onde recebeu um M.S. licenciatura em estatística e análise de dados. Cientista social treinado quantitativamente, Felipe também é especializado em métodos avançados de pesquisa, técnicas de levantamento e análise de dados estatísticos. Já trabalhou em campanhas políticas nacionais, estaduais e locais no Brasil. Seus interesses de pesquisa são em estudos comparativos de instituições políticas, comportamento político, na política distributiva dos sistemas presidencialistas na América Latina e em métodos de pesquisa para ciências sociais.
Perdeu esse evento ou quer assistir novamente? Não tem problema. Acesse https://youtu.be/M9Gm1YO8AoQ e tenha acesso a MasterClass completa! Apesar do período de pré-campanha ter acabado, o conteúdo permanecerá online, de forma gratuita, a disposição das candidatas. Não deixe de entrar na www.plataformapsdbmulher2020.com.br. Se cadastre, se informe, se capacite!