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Editorial: Aqui não

Nos ambientes que prezam, defendem e praticam a democracia, ações próprias de um século que já passou, pleno de guerras e regimes totalitários, recebem o seu devido tratamento. Por ter construído um ambiente de liberdade para a ação de suas instituições, e para a de seus cidadãos, a democracia brasileira mostra vigor quando reage prontamente a tentativas de desvio em relação ao seu percurso por parte de seus governantes

Surpreende o fato de o Ministério da Saúde ter tentado recorrer justamente a um recurso muito comum em regimes comunistas, pois é parte de um governo declaradamente contrário a esses regimes. Atabalhoadamente o Ministério deixa de fornecer os dados sobre o número de infectados e mortos pela Covid19., que alimentam um sistema nacional e global. Esconder dados e retirar pessoas das fotos são atos comuns nos regime totalitários, como foi o stalinista, em atos autoritários e retrógrados, o que no Brasil não cola!

Em rota contrária ao do governo, os secretários estaduais de Saúde lançaram, nesta segunda-feira (8), um site oficial com dados completos sobre a pandemia do coronavírus, a partir de registros de cada estado. Diferentemente dos dados entregues pelo governo federal, o portal será atualizado diariamente às 18h. É legal, é legítimo, mostra a reconhecida organização do sistema federativo de saúde. É dali das instituições do Sistema de Saúde, locais, que são gerados os dados básicos do setor. De lá, os dados sobem para agregação federal.

Também o Tribunal de Contas da União (TCU) agiu rápido diante do atraso na divulgação dos dados diários do novo coronavírus, após o ministro da Saúde, o general Eduardo Pazuello, anunciar  que novos dados diários não seriam informados porque seria feita uma revisão da metodologia usada para compilar os números de infectados e mortos. O Ministro  Bruno Dantas sugeriu a criação de um sistema paralelo de contagem de casos e óbitos causados pela pandemia do novo coronavírus no Brasil, evitando a ausência das estatísticas vitais para a ação sanitária.

Na semana passada, o site do Ministério da Saúde chegou a ficar fora do ar por um dia e quando voltou exibia apenas números de casos de pessoas recuperadas da doença, de novas contaminações e os óbitos. Todas as demais informações históricas da doença no país foram omitidas da população. No domingo (7), uma nova polêmica voltou a provocar reações no meio político e jurídico, após o Ministério da Saúde divulgar no mesmo dia dois boletins epidemiológicos com números divergentes. O primeiro comunicado registrava 1.382 novos óbitos em 24 horas e o segundo com apenas 525 mortes registradas no espaço de um dia.

Com essa repetitiva forma atabalhoada de lidar com um sistema que é reconhecido por sua organização, os tropeços de um governo que se vangloria de “fazer a seu modo” alimentando conflitos diários tem colocado o Brasil numa situação cada vez mais vexatória perante o mundo. Com as mudanças na divulgação dos dados da pandemia no país, que compõem uma importante informação para todo o mundo, o balanço referente ao cenário brasileiro deixou de constar no painel da Universidade Johns Hopkins, referência no monitoramento global da pandemia.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) cobrou transparência do Brasil. Já o presidente Jair Bolsonaro ameaçou seguir os passos de seu amigo Donald Trump e tirar o país da OMS.

Os fatos e a realidade expressos pelas estatísticas, no entanto, se impõem. A tentativa de manipular dados não ajudará em nada o Brasil, servindo apenas para tirar a credibilidade do governo dentro e fora do país. Parece que é o que busca, conflito, em lugar de enfrentamento concreto da série crise que vivemos. Esse cenário pode prejudicar ainda mais que pela avaliação da pandemia se fundamente a resultante política para que se possa, inclusive, com um modelo de reabertura da economia brasileira, fomentar a sua recuperação..

Por pior que sejam, os números não mentem. O Brasil tem hoje 690.928 casos confirmados — 18.082 de ontem para hoje. Já o número de mortes chegou a 36.437, sendo que 507 foram notificados nas últimas 24 horas.

Em lugar de entrar nessa briga sem sentido público, reafirmamos nossa solidariedade às vítimas dessa profunda crise sanitária!

PSDB-Mulher Nacional

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