A alta comissária da Organização das Nações Unidas (ONU) para Direitos Humanos, Michelle Bachelet, denunciou a situação de violações de direitos humanos no Brasil. Em seu discurso anual sobre a situação global, a ex-presidente do Chile incluiu o país entre os cerca de 30 locais no mundo onde existem sérias preocupações.
A resposta do governo de Jair Bolsonaro não demorou para aparecer, classificando as críticas de “lamentáveis” e insinuando a existência de um componente político no questionamento de Bachelet.
“No Brasil, ataques contra defensores dos direitos humanos, incluindo assassinatos – muitos deles dirigidos a líderes indígenas – estão ocorrendo em um contexto de retrocessos significativos das políticas de proteção ao meio ambiente e aos direitos dos povos indígenas”, alertou Bachelet. “Também estão aumentando as tomadas de terras indígenas e afrodescendentes”, disse.
Outro temor da representante da ONU se refere ao trabalho dos movimentos sociais e dos ataques sofridos por ongs. Segundo ela, também estão aumentando os “esforços para deslegitimar o trabalho da sociedade civil e do movimento social”.
No ano passado, Bachelet havia alertado sobre o encolhimento do espaço cívico no Brasil, o que gerou duras reações por parte do governo brasileiro. Seu discurso nesta quinta-feira não foi acompanhado pela embaixadora do Brasil na ONU, Maria Nazareth Farani Azevedo.
Além do Brasil, a chilena citou preocupações sobre a situação dos direitos humanos na Bolívia, Chile e Equador, além de um informe especial sobre os crimes e violações cometidos na Venezuela.
A inclusão de um país nessa lista é um termômetro da situação internacional que vive aquele governo. Bachelet, no início da semana, já havia alertado a ministra Damares Alves (Família, Mulher e Direitos Humanos) sobre sua preocupação. A reunião entre as duas representantes ocorreu em Genebra, a portas fechadas.
*Com informações do colunista Jamil Chade no UOL.