A presidente do escritório brasileiro da Microsoft, uma das maiores empresas de tecnologia do planeta, Tania Cosentino, é uma exceção. A executiva representa um número muito pequeno de mulheres que conseguem chegar ao cargo mais alto de uma empresa no Brasil. Elas são apenas 19% do total de presidentes ou CEOs, segundo a pesquisa Panorama Mulher, divulgada agora em novembro, a partir dos dados de 542 companhias que têm sede ou operam no país.
Reportagem do jornal O Estado de S. Paulo traz uma longa entrevista com Tania Consentino, que começou a trabalhar cedo, aos 16 anos, e diz que entrou na Siemens graças a uma ação afirmativa da multinacional alemã. Segundo ela, os ambientes criados pelas empresas desmotivam as mulheres, que devem reagir.
Formada em engenharia pela Universidade de São Paulo (USP), Tania fez carreira em companhias de grande porte, como Rockwell Automation e Schneider Electric, antes de ir para a gigante de tecnologia.
Incentivada desde muito cedo pelos seus pais a estudar e almejar a excelência, Tania acredita que essa é uma das chaves para as mulheres enfrentarem com autoestima o mercado de trabalho.
Diversidade
A executiva diz que as corporações ainda têm processos que dificultam a permanência e a evolução de carreira entre as funcionárias. “Espero que daqui a dez anos a gente não tenha de explicar por que é importante tratar de diversidade nas empresas.”
“As mulheres às vezes não brigam ou não se jogam quando abre uma vaga dentro da empresa. Hoje, as jovens entram um pouco mais na disputa. Mas na minha geração era difícil ver uma mulher que partia para a briga e dizia: ‘Estou preparada para esta vaga’.”
A executiva disse que a mulher tem de saber o que quer da sua carreira. “Vivemos em um mundo de transformação digital, de eterno aprendizado, temos de estar dispostas a estudar, aprender, reaprender e desaprender todos os dias”, afirmou.
Tania Consentino acrescentou que a mulher precisa ter muita disciplina no seu próprio desenvolvimento, para que ele não fique em segundo plano. “Geralmente ela coloca o próprio trabalho como mais importante do que o desenvolvimento pessoal, a casa como mais importante. É preciso trabalhar o crescimento pessoal no dia a dia. Então, é ter disciplina, investir no aprendizado, ter um plano claro de desenvolvimento e entregar resultado. Porque sem resultado ninguém chega lá.”
*Com informações do jornal O Estado de S. Paulo.