Ao apresentar o relatório da reforma da Previdência (PEC 6/19) na Comissão Especial da Câmara, nesta quinta-feira (13), o deputado Samuel Moreira (SP) manteve as diretrizes do texto original enviado pelo governo federal, mas recomenda a retirada de itens controversos.
“A reforma da Previdência é uma necessidade fiscal, não resta dúvida. Mas é também uma questão de justiça social”, escreveu Samuel Moreira. “Abrir mão da oportunidade que temos hoje de reformar o sistema é, portanto, sabotar o futuro e manter um sistema injusto.”
Para Moreira, deve ser mantida a idade mínima para a aposentadoria dos trabalhadores dos setores público e privado e definida nova regra de transição, com pedágio de 100% do tempo de contribuição que faltar na promulgação futura emenda constitucional.
Para aprovar o texto na comissão especial, é preciso a maioria dos votos estando presentes, no mínimo, 25 dos 49 integrantes (maioria simples). Independente do resultado, a reforma vai ao Plenário, onde precisará do apoio de pelo menos 308 dos 513 deputados (o equivalente a 3/5 do total), em cada um dos dois turnos.
No plenário, a proposta para ser aprovada precisa de pelo menos 308 dos 513 deputados (o equivalente a 3/5 do total), em cada um dos dois turnos.
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Transição
Moreira deixou as regras de transição na Constituição – o governo Bolsonaro queria criar leis complementares – e indicou que futuras leis poderão definir idade, tempo de contribuição e alíquotas conforme cada ente federativo. O texto do relator lega ainda aos estados e municípios a eventual reforma dos atuais regimes próprios.
O relator não mexeu na aposentadoria rural e no Benefício Assistencial de Prestação Continuada (BPC), destinado a idosos carentes. A ideia de um regime de capitalização, em que cada trabalhador juntaria sozinho os recursos para a aposentadoria, também ficou de fora.
Idade mínima
Moreira acatou como regra geral para as futuras aposentadorias a idade mínima de 65 anos para os homens e 62 anos para as mulheres, até que lei específica trate do tema. O tempo de contribuição no futuro será de 35 anos e 30 anos, respectivamente. Para os atuais segurados, haverá regras de transição, que combinam idade mínima e tempo de contribuição.
Professores continuam com condições específicas para aposentadoria. Como ocorre atualmente, hoje, algumas categorias terão condições específicas para a aposentadoria. No caso dos professores, cinco anos a menos, desde que cumprido o período mínimo de 25 anos no exercício da função.
Cálculos
Os policiais civis e os agentes penitenciários e socioeducativos só poderão se aposentar a partir dos 55 anos. No caso dos policiais militares e bombeiros, conforme o parecer, as exigências serão iguais às dos militares das Forças Armadas (sugestão original feita pelo Executivo).
O substitutivo prevê regra única para cálculo dos benefícios: média aritmética de todas as contribuições até a data do pedido. Com 20 anos de contribuição, a aposentadoria corresponderá a 60% da média, e subirá 2 pontos percentuais por ano até 100% com 40 anos.
A pensão por morte será de 50% da remuneração do segurado, mais 10% por dependente, assegurado o salário mínimo (R$ 998 atualmente). A acumulação de benefícios previdenciários será escalonada, com direito ao maior valor e parcela do menor.
Justificativa
O governo federal justifica que a reforma é necessária para conter o déficit previdenciário – diferença entre o que é arrecado pelo sistema e o montante usado para pagar os benefícios – ocasionado por despesas crescentes e de difícil redução. Em 2018, o déficit previdenciário total, que engloba os setores privado e público (União, estados e municípios) mais os militares, foi de R$ 264,4 bilhões.
A expectativa do governo com a reforma da Previdência era economizar R$ 1,236 trilhão em dez anos, considerando apenas as mudanças para os trabalhadores vinculados ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e para os servidores da União. Com as mudanças até agora, o substitutivo, diz o relator Samuel Moreira, poderá economizar algo perto de R$ 915 bilhões no mesmo período.
O texto do relator contempla parte do manifesto feito por 13 partidos políticos, como Cidadania, DEM, MDB, Patriotas, PL, Podemos, PP, PRB, Pros, PSD, PSDB, PTB e Solidariedade. Também foram levadas em conta por Moreira parte das 227 emendas apresentadas na comissão especial.
Pontos
Moreira deixou as regras de transição na Constituição e indicou que futuras leis poderão definir idade, tempo de contribuição e alíquotas conforme cada ente federativo. O texto do relator lega ainda aos estados e municípios a eventual reforma dos atuais regimes próprios.
O relator não mexeu na aposentadoria rural e no Benefício Assistencial de Prestação Continuada (BPC), destinado a idosos carentes. A ideia de um regime de capitalização, em que cada trabalhador juntaria sozinho os recursos para a aposentadoria, também ficou de fora.
Com as mudanças, os parlamentares favoráveis à reforma da Previdência esperam angariar o apoio necessário para aprovação. Para aprovar o texto na comissão especial é preciso a maioria dos votos estando presentes, no mínimo, 25 dos 49 integrantes (maioria simples).
*Com informações da Agência Câmara.