Após as eleições de 2018, a representação de mulheres na Câmara dos Deputados passou de 10% para 15%. Houve um crescimento de 50% na bancada feminina da Câmara. Nas assembleias legislativas estaduais, o crescimento foi de 35%.
São dados positivos, mas as deputadas acreditam que ainda é preciso melhorar muito, e esse foi o tom dado pela Secretaria da Mulher da Câmara no Ato Solene em Homenagem ao Dia Internacional da Mulher, que aconteceu nesta quarta-feira no Salão Nobre da Câmara.
A deputada Benedita da Silva, do PT do Rio de Janeiro, atua na política desde a criação da constituição de 1988, e já nessa época defendia as causas feministas. Ela afirma a importância do ato para a Câmara.
“A pauta feminina tem uma importância enorme, porque nós não tínhamos condição de fazer passar os nossos processos. Demoravam. Mas agora com a criação da comissão da mulher, da secretaria da mulher e essa pauta feminina, nós tivemos aliados e aliadas nesta casa”
Já a Coordenadora da bancada feminina, deputada Professora Dorinha, do Democratas do Tocantins, ressaltou a necessidade do apoio às mulheres nas candidaturas.
“O maior enfrentamento nosso é desarmar a fachada que existe de que as mulheres não querem ou não gostam de política, e por isso têm uma dificuldade de encontrar candidatas. As candidatas estão nas suas diferentes áreas de atuação, o que elas precisam é de apoio para que esse projeto, que não é individual, se concretize a partir de uma poio da própria bancada feminina: de formação, de empoderamento e de recursos”.
Professora de Ciência Política na Universidade de Brasília, Flávia Biroli, defende a importância das cotas femininas para a democracia.
“É muito importante que a gente entenda que o problema da sub-representação das mulheres não é um problema de um grupo, é um problema da democracia. Se nós temos tantos obstáculos para a participação das mulheres na política, isso nos diz sobre falhas no nosso regime democrático. Isso tem sido reconhecido já há décadas e foi o que produziu a legislação de cotas em diferentes países, e que tem dado resultados em muitos deles”.
Nesta terça-feira foram aprovados dois projetos prioritários para a bancada feminina. Entre eles, um projeto que transforma o assédio moral no trabalho em crime. A proposta foi debatida por mais de 4 horas no Plenário e estava em tramitação há 18 anos. O outro projeto aprovado prevê apreensão de armas em posse de agressores de mulheres.
*Da Agência Senado