Pesquisa feita pela professora da Universidade de Brasília (UnB), Lourdes Bandeira, assinalou as razões apontadas pelos homens para cometerem crimes contra mulheres. O estudo, que será publicado como um livro tese de pós-doutorado em feminicídio, analisou quase dois mil casos de assassinatos de mulheres ocorridos durante três anos. De acordo com a pesquisadora que faz parte do Departamento de Sociologia da UnB, crimes contra paixão e honra estão em 70% dos acontecimentos e três principais motivações são apontadas: quando o homem não aceita a separação, suspeita de traição e a não aceitação da vida de solteira da ex-companheira.
Lourdes destaca a crueldade existente nos crimes, como muitos tiros ou facadas e espancamento, reflexo de uma sociedade ainda patriarcal, na qual o fato de a mulher não querer o homem desperta nele um sentimento de falha, o que abala sua virilidade.
Para a antropóloga Lia Zanotta, especialista em violência doméstica da UnB, ainda há muito o que fazer para desconstruir a tradição de submissão da mulher. Na sua opinião, o feminicídio e a a Lei Maria da Penha são grandes vitórias, mas precisam ganhar ainda mais visibilidade.
A denúncia é um dos principais meios de acabar com esse ciclo de mortes de mulheres, é o que defende o secretário de Segurança Pública do DF, Cristiano Barbosa. Na maioria dos casos a vítima não tem coragem de tomar atitude sozinha, por dependência financeira ou por causa dos filhos, o que torna a situação ainda pior. Cristiano destaca a importância de familiares e vizinhos estarem atentos.
Para a juíza Thereza Karina de Figueiredo, organizadora do livro ‘Mulher e a Justiça’ e autora do texto ‘A violência doméstica sob a ótica dos direitos humanos’, políticas públicas devem ser criadas para dar voz a essas mulheres para que elas possam dividir com outras vítimas suas histórias.
Foi aprovado no Senado o projeto (PLC 4/2016), que determina a prisão de que quem descumprir medidas protetivas previstas na Lei Maria da Penha. A proposta estabelece pena de dois meses a três anos de prisão. O PLC segue agora para a sanção presidencial.