Após o assassinato da estudante brasileira Raynéia Gabrielle Lima, atingida por disparos na noite desta segunda-feira (23) na Nicarágua, o governo brasileiro convocou a embaixadora nicaraguense no Brasil, Lorena Martinez, para que ela preste esclarecimentos sobre o contexto em que se deu o crime. O Ministério de Relações Exteriores afirmou que Martinez esteve na tarde desta terça (24) no Palácio do Itamaraty, mas o governo ainda espera informações sobre a morte da brasileira e sobre a situação de violência pela qual passa o país.
O ministro Aloysio Nunes Ferreira também pediu que o embaixador brasileiro na Nicarágua, Luís Cláudio Villafañe, venha ao Brasil para relatar a situação. Nunes tomou a decisão durante sua viagem à África do Sul, onde participará da Cúpula do Brics no final desta semana.
A deputada estadual e pré-candidata à reeleição Terezinha Nunes (PSDB-PE) lamentou o ocorrido e prestou sua solidariedade à família de Raynéia.
“Minha solidariedade à família da estudante pernambucana Raynéia Gabrielle, assassinada brutalmente pelas tropas leais ao presidente Daniel Ortega, da Nicarágua, acusado de implantar uma ditadura no país”, afirmou.
O governo brasileiro também cobrou explicações da gestão de Daniel Ortega. Em meio a acusações de abuso e corrupção, a Nicarágua vive desde abril uma onda de protestos pela saída de Ortega.
As manifestações têm sido violentamente reprimidas. De acordo com a Associação Nicaraguense de Direitos Humanos, mais de 350 pessoas já morreram, entre elas, muitos estudantes.
Desde o início das manifestações, a capital Manágua vive um toque de recolher informal após as 19h, em meio a vários relatos de pessoas assassinadas ou sequestradas por policiais e paramilitares do regime de Ortega.
Em nota, a Universidade Americana (UAM) disse que a morte de Raynéia “deixa [a instituição] cheia de dor porque é consequência das difíceis circunstâncias vividas pela Nicarágua”. As bandeiras da UAM foram hasteadas a meio mastro como sinal “de luto e de dor”.