A campanha para as eleições deste ano já começou e um fato é inquestionável: o Nordeste tem uma realidade muito diferente das outras regiões brasileiras. No Nordeste, há um elevado índice de analfabetismo, a densidade populacional é maior, temos mais áreas carentes de recursos básicos, sem falar na falta de políticas públicas voltadas para as mulheres.
Infelizmente, os direitos das mulheres não são tão bem implementados, no Nordeste, como no Centro-Oeste e Sudeste. O que prevalece por aqui é a violência contra a mulher. Tudo isso tem de ser observado e destacado durante a campanha eleitoral por serem problemas reais e cotidianos.
A nossa presidente de honra do PSDB-Mulher, Solange Jurema, está certíssima quando pede um olhar diferenciado para o Nordeste na campanha presidencial. Apoio integralmente o apelo dela ao nosso presidente Geraldo Alckmin!
Confio ainda que o presidente Alckmin terá a sensibilidade de dizer publicamente: ‘O PSDB Nacional apoia mais mulheres na política’. Nós somos a maioria do eleitorado, então seria um presidente do partido falando por nós, incentivando as candidaturas femininas em um momento delicado para a sigla e para o país. Gostaria que ele pudesse ter essa sensibilidade de contribuir para o aumento das candidaturas femininas em 2018.
Paralelamente, é preciso levar em conta as diferenças regionais, por exemplo, a questão dos empregos: no Sul e Sudeste, existem muito mais opções de trabalho, lamentavelmente, no Nordeste, há poucas indústrias e fábricas, gerando raras oportunidades. Para completar, a desigualdade salarial entre homens e mulheres impera.
Quando fui Secretária da Mulher aqui, na Paraíba, nós queríamos fazer delegacias regionais porque só existe nas capitais. No entanto, para criar uma delegacia da mulher você precisa cumprir certos requisitos como, por exemplo, número “x” de habitantes. E, por isso não conseguíamos chegar ao interior onde a violência e os abusos acontecem e nem sempre são registrados.
Apesar de todas as dificuldades, há uma situação interessante: o número de mulheres eleitas nas eleições municipais para prefeitas e vereadoras no Norte e Nordeste é bem maior que as do Sul e Sudeste. Fenômeno curioso. A Câmara de Vereadores de João Pessoa de 27 parlamentares, três são mulheres.
Acredito que isso se dá por vários aspectos e um deles é a questão do “clã”. Aqui temos muitas famílias tradicionais e as mulheres acabam sendo “apadrinhadas” pela tradição na política. Há muitas mulheres que aproveitam essa influência para se eleger colocando o nome da família ou do pai na campanha eleitoral.
Por sorte, pelo menos nesta questão de eleições, as mulheres aqui do Nordeste são bem representadas principalmente no interior. São mulheres fortes em todos os aspectos. Nós temos um olhar bastante perspicaz e sensível sobre várias temáticas nem sempre destacadas pelos homens na política.
*Iraê Lucena é coordenadora de Relações Multipartidárias da Executiva Nacional do PSDB-Mulher e presidente do PSDB-Mulher da Paraíba