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Meninas são mais fortes do que meninos, afirmam especialistas

Especialistas de universidades dos Estados Unidos e da Dinamarca afirmam que o sexo feminino é mais resiliente, ou “forte”, do que o masculino. Os pesquisadores concluíram que os homens, em média, morreram ainda mais precocemente nessas situações. Já, a vida das mulheres se estendia entre seis meses e quatro anos mais do que a dos homens.

Foram avaliados distintos períodos da História, a partir do século XVIII, em que determinadas populações passaram por grandes fomes ou epidemias que levaram a uma altíssima taxa de mortalidade.

Não é novidade que as mulheres, em média, têm expectativa de vida maior. No entanto, o que surpreendeu os pesquisadores foi que, nesses cenários extremos, onde ambos os sexos tiveram suas condições de vida igual e gravemente afetadas, ainda assim elas tinham mais chance de sobreviver:

Em períodos de grande fome ou epidemias, a probabilidadede bebês chegarem à idade adulta era pequena. A pesquisa foi publicada na revista científica “PNAS”, o estudo reuniu dados de sete grupos de pessoas para quem a expectativa de vida era de 20 anos de idade ou menos.

Repetição

Esse comportamento ocorreu com as populações de Suécia, Irlanda e Ucrânia, que passaram por épocas de fome nos séculos XVIII, XIX e XX, respectivamente. Também foi registrada uma drástica alta na mortalidade da Islândia durante as epidemias de sarampo de 1846 e 1882. Foram avaliadas ainda as taxas de sobrevivência durante a formação da Libéria, país fundado por ex-escravos dos Estados Unidos.

A pesquisadora principal do estudo, Virginia Zarulli, do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Sul da Dinamarca, atribuiu a diferença de expectativas de vida entre os gêneros não apenas a fatores sociais, mas também a fatores biológicos. Ela destaca que esta é a grande novidade trazida pela pesquisa.

As meninas nascidas durante a grande fome de 1933 na Ucrânia, por exemplo, viveram em média até 10,85 anos de idade, enquanto os meninos viveram até os 7,3 anos. Outro caso, ainda mais drástico, foi o da Libéria.

Os escravos libertos nos Estados Unidos experimentaram as piores taxas de mortalidade já registradas no mundo. Mais de 40% dos realocados no país africano morreram já no primeiro ano após a chegada, provavelmente por doenças tropicais. Entre 1820 e 1843, ao nascer, a expectativa de vida para os meninos era de apenas 1,68 ano e, para as meninas, de 2,23 anos.

Esses resultados sustentam a visão de que há elementos biológicos — mais do que ambientais ou sociais — para ajudar a explicar a vantagem das mulheres no quesito sobrevivência.

Virginia Zarulli traz duas hipóteses para entender esse cenário: uma relacionada à genética e outra, aos hormônios. Ela afirma que o fato de as mulheres terem dois cromossomos X tende a diminuir os riscos sobre a saúde delas.

O hormônio estrogênio, característico do sexo feminino, também poderia ser responsável por uma maior resiliência. Ele é considerado um protetor dos vasos sanguíneos e defesa contra uma série de doenças.

Violência

De fato, violência é a principal causa de morte entre homens jovens no Brasil atualmente. Os dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que as mortes violentas entre homens de 15 a 24 anos cresceram 4,6% em 2016, em relação ao ano anterior.

No mesmo intervalo, as mortes por causas violentas entre mulheres da mesma faixa etária recuou 2,7%. Em 2016, um homem de 20 anos tinha onze vezes mais chance de não completar os 25 anos do que uma mulher.

A pesquisa do IBGE considerou mortes violentas aquelas relacionadas a causas externas como acidentes de trânsito, afogamentos, suicídios, homicídios e quedas acidentais.

O doutor em demografia José Eustáquio Alves, destacou que, em todas as sociedades, nascem mais meninos do que meninas. No entanto, já nos primeiros anos de vida, morrem mais crianças do sexo masculino do que do feminino.

Alves ressalta que os fatores sociais e ambientais ajudam a entender a maior expectativa de vida das mulheres na fase adulta, mas não na primeira infância. Sabe-se que, em média, as mulheres têm mais cuidado com a alimentação, vão ao médico com mais frequência e se envolvem menos em brigas. Porém, nada disso se aplica a recém-nascidos.

O presidente da Associação Brasileira de Estudos Populacionais (Abep), Ricardo Ojima, disse que a divisão das atividades segundo o gênero também pode ajudar a explicar por que as meninas e mulheres têm mais chance de sobrevivência.

*Com informações do jornal O Globo.

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