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Fernanda Richa: a mulher que pode ser a primeira prefeita de Curitiba

Publicado no  TOPVIEW Journal  – 31/10/17

 

Foi em um sábado à noite que recebi uma mensagem de WhatsApp de Fernanda Richa, perguntando se eu poderia encontrá-la na segunda-feira seguinte. A vontade de entrevistar a primeira-dama do Paraná e atual Secretária de Estado da Família e Desenvolvimento Social para o TOPVIEW Journal era antiga e a mensagem foi muito bem recebida. Acertados os detalhes, fui recebida no gabinete, no Palácio das Araucárias, por uma mulher sorridente e informal, que retocava as unhas. Se existia algum “gelo” em entrevistar a (possivelmente) mulher mais poderosa do Paraná, ele cessou naquele momento. Em uma conversa de pouco mais de meia hora, Fernanda Richa falou sobre sua paixão pelo trabalho social e pelos netos e não descartou a possibilidade de ser a primeira prefeita da história de Curitiba.

TOPVIEW: Você tem se destacado no trabalho social, primeiro à frente da FAS (Fundação de Ação Social de Curitiba) e, agora, na Secretaria de Estado da Família e Desenvolvimento Social. No que a assistência social pode melhorar?

Fernanda Richa: Comecei na prefeitura em 2004, então, são treze anos de trabalho na área. O que eu vejo é que tudo pode ser melhorado, em todos os sentidos e segmentos. Na assistência, sinto que temos que [proporcionar] qualificação, capacitação para inserção no mercado de trabalho. Essa é a grande porta de saída para o problema de assistência do nosso país: qualificar as pessoas para que elas possam ter empregos, para que possam ser protagonistas das suas vidas, abrirem o seu negócio, enfim, não dependerem do assistencialismo que o governo federal e os governos estaduais vieram fazendo como se fosse uma medida normal. [O assistencialismo] não é emancipatório – muito pelo contrário, mantém as pessoas nesse sistema. Não vejo alegria nenhuma em presidentes que passaram por nosso país citarem que cresceu o Bolsa Família, que aumentaram as famílias contempladas. Eu acho isso muito triste. Bom seria dizer que estamos diminuindo o auxílio a essas família, porque estão emancipadas, porque estão saindo da pobreza e da miséria, porque estão caminhando. Manter as coisas por bolsas e auxílios é meio que uma maneira de controlar um público que está sofrendo. E, na necessidade em que vive, ele se agarra, claro.

TV: Ou seja, a solução passa pela educação?

FR: Passa por tudo. Nós fazemos o Família Paranaense [criado em 2012], que passa por 19 secretarias e empresas estaduais que trabalham em conjunto (Educação, Saúde, Meio Ambiente, Esporte e Lazer, Segurança, Justiça, Habitação…). Se não resolver o problema de toda a família no mesmo momento, a gente não consegue tirá-la da vulnerabilidade. Algumas precisam de medicamento e vacina, outras precisam de qualificação para os pais, outras precisam de habitação, são várias situações.

TV: E o seu dia a dia é muito na rua, vendo de perto a situação dessas famílias?

FR: Depende. Tem semanas em que eu fico muito no gabinete. Mas tem semanas que são de visitas fora, em Brasília, em São Paulo. Se dependesse do trabalho do estado, seria 100% dentro do gabinete, mas daí você não sente o que a rua está precisando. O gestor que não colocar o pé na rua, que não sentir o que a população está vivendo, não consegue mensurar a necessidade de mudança ou de adequação nos programas.

TV: Existe alguém que faça um trabalho social e em quem você se inspire?

FR: Eu gostava muito da dona Ruth Cardoso, pois ela tinha como ideal emancipar as pessoas. Ela sempre foi contra todos os tipos de auxílio constante e pensava que, se um dia atuasse nesse setor, seria dessa maneira. Foi no governo Fernando Henrique Cardoso que foi criada a bolsa-auxílio, a bolsa-educação. Mas, para que as famílias recebessem essa ajuda, elas tinham que trazer contrapartidas: as crianças deveriam estar em sala de aula, com assiduidade, vacinadas. A família se comprometia para sair daquela situação de vulnerabilidade e risco. Depois que o Fernando Henrique saiu, houve outros presidentes que passaram a régua e disseram que bastava ser pobre para receber o auxílio. E aí nós começamos com a manutenção da pobreza. Hoje a gente vê famílias e mais famílias que recebem esse auxílio e que têm outro filho, fazem outro filho, só vão ampliando o benefício, porque é muito fácil. Não é um programa que estanque a pobreza. São mais ou menos R$ 86 bilhões entre benefícios continuados e bolsas-auxílio no nosso país. Se metade desse valor fosse gasto em capacitação, em qualificação, em inserção no mercado de trabalho, com certeza o número de famílias em situação de risco, de vulnerabilidade social, não seria tão elevado.

 

Clique aqui para ler a entrevista completa no TOPVIEW Journal.

 

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