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Em pouco mais de 72 horas, três mulheres foram esfaqueadas pelos ex-companheiros

As histórias de Elizabeth Arruda da Silva, Geni de Souza Soares e Laís Andrade Fonseca possuem algo em comum: todas foram vítimas de feminicídio por seus ex- companheiros. Elas foram golpeadas com facadas apenas porque quiseram encerrar os  relacionamentos turbulentos. Em todos os casos, as vítimas prestaram queixas contra os parceiros e sofreram com a negligência do Estado em garantir sua segurança.

Ex- ministra de Políticas para Mulheres, a presidente da executiva nacional do PSDB-Mulher, Solange Jurema, ressaltou que nos casos de violência doméstica, existem particularidades. “A vítima de violência dentro de casa possui laços de afeto com o agressor. Por mais que ela apanhe, que sofra, ela é apegada à pessoa. Não cabe as autoridades julgar esse afeto, temos que proteger a vítima”, pontuou.

Para a presidente do segmento, é preciso compreender que os casos de feminicídio não são isolados: “Há muita negligência pelo fato de não darem atenção ao risco de vida das vítimas, as autoridades precisam ter mais consciência disso”.

Atenção

Solange Jurema destacou que falta preparo da polícia em atender aos chamados de violência doméstica e há ausência de políticas de prevenção. “O que há hoje são políticas públicas que atendem a vítima, mas não previnem a violência. Os policiais não sabem atender aos chamados, eles precisam de um preparo, de uma capacitação interna para saber reconhecer e dar atenção e proteção nesses casos”, alertou.

A tucana lembrou que, quando era ministra, foi incentivada a capacitação intensa para compreender os casos de feminicídio e violência doméstica. Ela pontuou também a importância da criação de casas abrigo, para os casos em que a vítima precisa de proteção intensa.

“Essas casas servem para proteger a vítima nos casos em que ela corre risco de vida, e não se vê mais investimento nisso. É preciso criar mais mecanismos como esses”, disse a ex-ministra.

Histórias

Elizabeth Arruda da Silva foi golpeada nas costas, no tórax e no abdômen dentro de uma estação de metrô em Recife, Pernambuco. O suspeito foi preso e levado para o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Ela foi socorrida pelo Samu e encaminhada para o hospital mais próximo, onde permanece em estado grave.

Geni de Sousa Soares foi morta na saída de um culto que assistiu ao lado de seu assassino, em Cianorte, Paraná. A vítima havia registrado uma ocorrência contra o ex-marido. Depois de expulsá-lo de casa, ele se abrigou na igreja em que ocorreu o fato. Geni foi informada de que o ex-parceiro passava fome, então decidiu levar uma marmita de comida e foi brutalmente assassinada por ele.

Laís Andrade Fonseca encontrou uma câmera escondida em seu banheiro, que transmitia todas as imagens para o ex-companheiro. Após registrar a ocorrência, a polícia militar buscou os dois para levá-los à delegacia. No trajeto, Laís foi morta a facadas pelo ex-parceiro ainda na viatura da polícia.

Números

A cada dia, oito mulheres são vítimas de feminicídio no país. Segundo dados do Datafolha, a cada três mulheres, uma já sofreu algum tipo de violência. A cada hora, 503 enfrenam uma agressão física ou verbal. Na maioria das vezes, a vítima já havia prestado queixa quando o caso ocorreu, sendo vítima de negligência do próprio Estado que, pela lei, deveria garantir sua proteção.

Em 61% dos casos, o agressor é um conhecido. Companheiros são os culpados em 19% das ocorrências, e os ex-companheiros são responsáveis por 16% dos registros de violência.  As agressões mais graves ocorreram dentro da casa das vítimas, somando 43% dos casos.

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