As dificuldades das mulheres em se lançarem no mercado de trabalho e de permanecerem empregadas foram reforçadas pelo mais recente relatório global “Perspectivas Sociais e de Emprego no Mundo – Tendências para Mulheres 2017”, da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
De acordo com o levantamento, atualmente apenas 49% das mulheres em idade ativa buscam uma vaga ou estão empregadas, enquanto a participação dos homens é de 76% no mesmo universo. A situação não melhora nos países mais ricos. A pesquisa diz que a de participação das mulheres é de 51,9%, enquanto a masculina é de 68% nas nações desenvolvidas.
No Brasil, essa diferença é de 22 pontos percentuais, visto que 56% das mulheres em idade ativa frente a 78,2% dos homens estão empregados ou buscando trabalho.
A deputada federal Geovânia de Sá (PSDB-SC) acredita que existe um conjunto de fatores que atrapalham a contratação e o desempenho da mulher nas ofertas de emprego.
“Não é só a ausência de políticas públicas voltadas para as mulheres, mas também falta apoio às mães com creches, com unidades de saúde eficientes. Existe todo um universo ao redor da mulher que influência nesses indicadores da OIT. A mulher é culturalmente sobrecarregada e isso deve mudar”, disse.
Para a tucana, ainda existe preconceito por parte dos empregadores que evitam a mão de obra feminina em função de menos complicações contratuais. “O homem não engravida, o homem não amamenta. Tem algumas especificidades que são culturalmente atribuídas às mulheres. O homem não tem a mesma responsabilidade com o lar e isto dificulta no momento de contratação e influência na participação e no bem-estar feminino”, declarou.
Geovânia considera o machismo ainda muito latente no Brasil, apesar de destacar um avanço nas últimas décadas. “A diferença entre os gêneros não é pelo quesito competência. As mulheres já conseguiram bastante espaço, no entanto a realidade ainda está muito longe do ideal”, lamentou.
A organização alerta ainda que é preciso uma abordagem multidimensional, que inclui políticas focadas no equilíbrio entre a vida pessoal e o trabalho e na eliminação da discriminação de gênero, além de criação e proteção de empregos de qualidade no setor da saúde para que as mulheres alcancem a igualdade de gênero no mercado.