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Shéridan cobra combate à exploração de venezuelanas em Roraima

Foto: Alexssandro Loyola/PSDB na Câmara

Principal porta de entrada de milhares de imigrantes que tentam fugir do regime de Nicolás Maduro em busca de melhores condições de vida, Roraima tem sofrido com o forte fluxo de venezuelanos desde que a crise vivida pelo país vizinho se intensificou. Boa Vista, capital do estado, e o município fronteiriço de Pacaraima são as cidades mais afetadas pela situação, que tem entre suas tristes consequências a exploração sexual de mulheres e crianças vindas da Venezuela.

Com o objetivo de mudar esse cenário, a deputada federal Shéridan (PSDB-RR), que é a atual presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher na Câmara, se reuniu na semana passada com a ministra dos Direitos Humanos, a também tucana Luislinda Valois, para buscar soluções para a condição enfrentada pelas imigrantes que foram para o estado.

Na visão de Shéridan, o Estado brasileiro deve intervir imediatamente para assegurar que essas imigrantes deixem de ser exploradas no Norte do Brasil. A tucana acredita que, por estarem em uma situação irregular no país, as venezuelanas têm receio de denunciar os abusos a que são submetidas, o que faz com que esse tipo de crime cresça a cada dia.

“Os indícios mostram que essas mulheres muitas vezes não denunciam a exploração de que são vítimas justamente por estarem em uma condição de ilegalidade no país. Se elas estão ilegais no país, não têm como denunciar, porque elas podem ser deportadas. Tudo favorece para que elas fiquem fragilizadas. Eu fui ao Ministério dos Direitos Humanos conversar com a ministra buscando essa atenção, mas em termos práticos, para enviarmos uma plataforma de trabalho, irmos in loco, junto com o governo federal, buscar atenuantes”, destacou a parlamentar.

A deputada tucana também ressalta que, por ter baixa densidade populacional, Roraima – estado que tem cerca de 500 mil habitantes – tem sentido diretamente os efeitos do elevado fluxo migratório. Segundo Shéridan, cerca de 50 mil pessoas já cruzaram a fronteira entre Brasil e Venezuela em busca de abrigo em Roraima, o que afeta os serviços públicos oferecidos no estado, incapaz de absorver tamanho aumento de demanda.

“Já são mais de 50 mil refugiados que ultrapassaram a fronteira, cerca de 10% da população do estado. É uma avalanche, em números reais, de uma demanda por estrutura que Roraima não tem, o que engatilha uma sobrecarga nos nossos serviços”, observou. É um olhar que a gente tem tido com a causa humanitária, porque são pessoas que estão saindo do país por serem vítimas de uma crise política que recai numa crise”, acrescentou a tucana.

Shéridan pediu mais ações do governo federal na solução desse problema, que atinge não só municípios de roraimenses, mas também outras cidades do Norte do país, como Manaus. “Eles [venezuelanos] saem de lá não é buscando oportunidade para trabalhar, eles estão aqui para fugir da fome, então o Estado brasileiro tem que entender que alguma coisa tem que ser feita e que isso não é um problema de Roraima, é um problema do país e essa responsabilidade tem que ser compartilhada”, acrescentou.

Situação indígena

No encontro com Luislinda Valois, Shéridan também abordou a vulnerabilidade dos indígenas brasileiros que vivem em Roraima. De acordo com ela, a demarcação de terras, que compreende uma grande parcela da área total do estado, tem trazido prejuízos aos moradores das tribos, que ficam isolados do resto da população e acabam sendo privados do acesso a serviços públicos básicos.

Nós somos de um estado que teve 48% das áreas demarcadas, com uma expectativa de que mais áreas sejam demarcadas, o que pode comprometer ainda mais a viabilidade econômica de Roraima. Porque eles demarcam, mas não fazem o trabalho de manutenção após o ato da demarcação. Indígenas ficam expostos a uma vulnerabilidade e a um descaso muito grande no que tange à responsabilidade do governo federal. Os índios não têm acesso à saúde de qualidade, à educação, a estradas com trafegabilidade. Eles ficam ilhados. O próprio preceito constitucional de ir e vir é ferido. As áreas que foram demarcadas hoje são grandes desertos”, lamentou a deputada.

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