O que ninguém esperava era ver uma cena dessas, da vida real, exposta a vivo e a cores, como mostrou a Globo no final de semana durante o programa Big Brother Brasil em que um dos participantes, Marcos, imprensou contra a parede a jovem Emilly e apertou seus pulsos ao ponto dela gritar que estava doendo.
Ninguém pode impedir que em um programa ao vivo, como é o caso, cenas desse tipo venham a ocorrer. O que não se esperava era que um caso de agressão explícita de um homem contra uma mulher indefesa, exposto pelas câmeras, ficasse sem punição.
Poderia, no caso, o dr Marcos ser enquadrado até mesmo na lei Maria da Penha, como está acontecendo desde que a lei foi aprovada e posta em vigor há dez anos.
Mas, infelizmente, a emissora promotora do Reality que se responsabiliza pela integridade de seus participantes, preferiu chamar os dois para uma conversa reservada, adverti-los, e, através de nota, dizer que caberia a Emilly pedir ajuda, caso se sentisse agredida.
Ora, Emilly foi agredida, todos viram, e não pediu ajuda. Faria agora que foi, advertida sobre os direitos que tem?
É difícil. O corriqueiro nos casos de agressões desse tipo é a vítima temer denunciar o agressor que lhe está próximo. Os dois convivem em uma casa 24 horas por dia. Mais proximidade impossível.
Aliás, tanto o comportamento de Marcos como o de Emilly vêm mostrando o que de verdade acontece em relacionamentos conturbados nos quais a mulher, quase sempre, leva a pior.
O médico age sempre com requintes machistas, não admite ser contrariado, não hesita em partir para a agressão e , surpreendido em delito, tenta culpar a vítima como fez com a companheira de confinamento perguntando se ela não achava que tinha a ver com aquilo.
Já a agredida Emilly, mesmo machucada, ainda aceita aproximação com o agressor.
*Terezinha Nunes é deputada estadual e presidente do PSDB Mulher de Pernambuco