Sim, o vídeo é muito bom, toca na ferida da principal razão para o esfarelamento moral que nos envolve nessa gigantesca crise que devemos enfrentar: a cultura que debilita o bem ao negar como virtudes o mérito, o esforço, a disciplina, a avaliação permanente, o respeito às leis – claro, quando presentes “no outro” que não se submete a organizações criminosas. Como se está criando há décadas essa cultura? Nas salas de aula de professores ideológicos, nas novelas de TV que glamurizam o mal enquanto demonizam instituições; no uso ao limite do “politicamente correto”; nos artistas do teatro/cinema/música/literatura financiados com dinheiro público sem nenhuma exigência em troca que não a adesão irrestrita aos poderosos do Planalto Central; nos movimentos dos sindicatos que há muito se desviaram de suas finalidades para nadar nos bilhões anuais que financiam suas diretorias; nos políticos que vendem seus votos em decisões que afetam a todos que deveriam representar; nos empresários que em lugar de competir vivem de isenções e créditos concedidos sem fundamento em qualquer avaliação séria; na parcela do Judiciário que vai perdendo sua capacidade de julgar e promover justiça quando mira para suas “bolsas tudo” que reproduzem e perpetuam nosso mal maior das desigualdades, fruto do nosso nascimento como corte e colônia; e por aí vai, sociedade corrompida pelas organizações criminosas que se organizam com o que demonizam – nos outros, vale repetir – e nas que se apropriam do gigantesco cofre do dinheiro público para seu benefício privado.
Para mudar algo que vem sendo inscrito na nossa cultura como o lado escuro da força é preciso rumo, persistência e tempo, já que a sociedade acorda e se organiza para fortalecer o outro lado. Tema para equilibrar esta, cheia de negativos, com a próxima coluna, a dos positivos.
*Professora Universitária, economista, comunicadora, consultora. Como política ocupou os cargos de Ministra do Planejamento e, como eleita, foi Deputada Federal por quatro mandatos, e Governadora do RS.