Não há mais dúvidas de que o atual modelo político-partidário de representação e de financiamento de campanhas está falido e sem qualquer chance de passar incólume ao vendaval que se abateu sobre a política brasileira depois das revelações da Lava Jato.
A questão é saber como apresentar uma proposta que realmente contemple aos interesses da população e esteja absolutamente sintonizado com o desejo das ruas de novos horizontes, novas ideias, novas figuras no cenário político.
Qualquer seja a solução encontrada pelo Congresso Nacional, e que de fato seja séria para motivar os jovens a se interessar pela política, a questão da representação feminina nos parlamentos nacionais devem estar contemplada.
Não se pode perder a oportunidade do momento histórico que o Brasil vive para corrigir uma das maiores injustiças deste país: a sub-representaçãodas mulheres nas esferas políticas dos três níveis da Federação: nacional, estadual e municipal.
Nós, mulheres, temos que nos conscientizar que a hora é agora. É hora de reivindicar! Hora de nos organizar e lutar pelo fim dessa injustiça que praticamente exclui as mulheres da vida política municipal, estadual e federal.
Não custa lembrar os baixíssimos níveis de representação das mulheres no Congresso – abaixo dos 15% -, quando somos a maioria da população e de eleitores.
O Brasil ocupa a 154ª colocação entre 193 países no ranking da União Parlamentar. Na América Sul o Brasil é o país com menor representação parlamentar feminina, apesar de sermos a nação com maior PIB do continente, com forte contribuição das brasileiras.
Não há dúvidas que esta situação é injusta, equivocada e absurda. A questão é discutirmos como revertê-la em um momento em que o humor dos brasileiros cria condições para mudanças na correção dos rumos do modo de se fazer política no Brasil.
Do mesmo modo em que no Brasil dos dias de hoje, de tempos de Lava Jato, nos dias de impeachment de uma Presidente da República, não se aceita mais qualquer gesto de corrupção, não se pode imaginar um novo Brasil sem mais mulheres na política.
Somente a cegueira de alguns, o preconceito de muitos e a nossa inércia podem levar o Congresso Nacional a aprovar uma reforma política sem mecanismos que aumentem a participação das mulheres nos parlamentos nacionais.
A hora é agora.
É a hora da reivindicação!
Solange Jurema é ex. Ministra do governo Fernando Henrique Cardoso e presidente do Secretariado Nacional da Mulher-PSDB