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“Reestreia em Davos”, análise do ITV

Henrique Meirelles, Ministry of Finance of Brazil, speaking at the Annual Meeting 2017 of the World Economic Forum in Davos, January 18, 2017. Copyright by World Economic Forum / Ciaran McCrickard Annual Meeting 2017 of the World Economic Forum in Davos, January 17, 2017. Copyright by World Economic Forum / Ciaran McCrickard

Squeezed and Angry: How to Fix the Middle-Class CrisisO Brasil está novamente em Davos. Desta vez, pela porta da frente. Depois de anos figurando como patinho feio do encontro anual da elite econômica global, nesta edição o país ressurge com algum brilho – ainda há muito a fazer, é verdade, mas é um feito e tanto para uma nação que até outro dia só via um buraco sem fundo sob os pés.

Não é tarefa simples apresentar com otimismo ao mundo das finanças nossa economia em processo de reconstrução. As dificuldades legadas pelo antigo regime – a década perdida petista – ainda deixam marcas e não serão superadas sem esforço. Mas os avanços na agenda da reconstrução são significativos e abrem caminho para uma perspectiva mais positiva. Apesar do pouco tempo do governo Michel Temer, é enorme a distância entre o país de hoje e o desacreditado Brasil de ontem.

Neste ano, o Brasil figura em Davos como a economia com pior previsão de crescimento entre todas as do G-20, segundo projeção divulgada na terça-feira pelo FMI. Em todo o mundo, apenas Síria, Venezuela, Guiné Equatorial, Equador e Trinidad e Tobago aparecem abaixo. No entanto, a previsão de que o PIB vai crescer, após o desastre promovido pelo lulopetismo, já é bem melhor do que o quadro que o país conseguia apresentar ao mundo nos anos recentes. Foram quase três anos de recessão, com queda superior a 8% do PIB, mais de 12 milhões de desempregados e uma destruição de riqueza que supera todas as crises mais graves vividas na nossa história republicana.

Tanto é assim que os empresários brasileiros já demonstram algum otimismo, conforme pesquisa da PwC divulgada em Davos e publicada na edição de terça-feira do Valor Econômico. Mesmo com toda a debacle petista, os investimentos estrangeiros não cessaram e a confirmação de novos ares na economia local – consequência de reformas estruturais em curso – poderá ter o condão de multiplicá-los.

Um ano atrás, Davos recebeu um cabisbaixo ministro da Fazenda, constrangido com a lambança que seu governo patrocinava no Brasil. Agora tem-se uma reforma fiscal em andamento para apresentar, com um rigoroso controle das despesas públicas, um ambiente institucional mais estável e pelo menos uma vitória efetiva na algibeira: a derrocada da inflação. Não é pouco para tão pouco tempo.

Há muito a realizar, e a atuação das forças políticas dispostas a levar o Brasil de volta ao caminho do crescimento será fundamental para esse objetivo. A gestão do presidente Michel Temer deve redobrar o ímpeto em enfrentar e dar cabo a privilégios há muito arraigados na nossa sociedade, do que o atual sistema de Previdência fornece exemplo mais evidente. Deve também levar adiante uma lipoaspiração que reduza bastante o peso do balofo Estado brasileiro e melhore de fato a vida da população.

Davos é apenas uma fotografia simbólica do Brasil de ontem e de hoje. Melhoramos, mas ainda temos um longo caminho a percorrer até o topo que as montanhas geladas dos Alpes suíços costumam exprimir no imaginário global. A escalada já começou; o comprometimento de todos nós nessa árdua subida é o que ditará o fôlego para atingirmos esse objetivo.

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