O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) vem sendo considerado melhor termômetro para medir a qualidade de vida das populações do que o comportamento do PIB. Nesta semana, saíram os resultados referentes aos municípios brasileiros em 2014, mostrando que as condições de renda, educação e longevidade no país perderam fôlego durante a gestão de Dilma Rousseff.
O IDHM avançou a uma média de 1% ao ano entre 2011 e 2014, período que coincide com o primeiro governo da presidente recentemente afastada por impeachment, e atingiu 0,761, segundo o Radar IDHM, divulgado pelo Pnud, em parceria com o Ipea e a Fundação João Pinheiro. Nos dez anos anteriores, havia melhorado a um ritmo de 1,7%.
O índice que mede a desigualdade no país praticamente não se alterou nos anos Dilma. Passou de 0,53 para 0,52 – quanto mais próximo de zero menos desigual é o país. Isso sugere, segundo uma das coordenadoras do estudo ouvida pelo Estado de S. Paulo, que programas e políticas de transferência de renda e valorização de salários “não foram suficientes para diminuir a grande distância entre ricos e pobres”.
Decompondo o IDHM, a educação brasileira avançou 1,5% em média desde 2011 até 2014; a renda, 1,1% e a saúde (longevidade), 0,6%. Na década precedente, os percentuais médios haviam sido de 3,4%, 0,7% e 1,2%, respectivamente. Ou seja, apenas o fator renda andou melhor no período mais recente.
Importante registrar que o Radar IDHM aferiu a situação no país numa época em que mal havia sinais de crise econômica. Ou seja, a recessão iniciada no segundo trimestre de 2014 ainda não foi captada pelos indicadores usados na pesquisa do Pnud.
Quando se analisam os três componentes do IDHM, educação é o quesito em que o Brasil ainda se encontra mais atrasado e desigual.
A partir de dados da Pnad, constatou-se, por exemplo, que os brasileiros maiores de 18 anos com ensino fundamental completo passaram de 60,1% em 2011 para 61,8% em 2014. É um avanço quase irrelevante, com média de 0,5% ao ano – a média anual nos dez anos anteriores havia sido de 3,3%. A média de alta do número de pessoas com ensino médio completo também caiu pela metade: 48% dos jovens brasileiros com idade entre 18 e 20 anos ainda não alcançaram esta condição.
No quesito longevidade, a esperança de vida ao nascer avançou apenas 0,4% em média ao ano de 2011 até 2014, ante 0,7% da década anterior. A queda da mortalidade também perdeu ímpeto, retrocedendo de 5,8% entre 2000 e 2010 para 4,3% desde então.
Pesquisadores que se debruçaram sobre os resultados divulgados nesta semana suspeitam que os próximos levantamentos do Pnud registrarão piora nas três dimensões de indicadores. Diante do que vem acontecendo no país nos últimos dois anos, esta não é mera possibilidade, mas sim sólida certeza.
Já é sabido que a renda per capita dos brasileiros caiu quase 10% desde o início da recessão, em 2014, superando até as perdas da chamada “década perdida” – mal sabíamos que, com o PT, rifaríamos não apenas dez, mas pelo menos 13 anos… Além da falta de crescimento, a inflação colabora para o empobrecimento geral da população e a deterioração das condições de vida no país.
Os resultados do IDHM permitem ver com absoluto realismo as conquistas e os desafios que ainda reclamam soluções no país. O Brasil vem avançando, e não é de hoje. Mas fica evidente que as políticas recentes se mostraram limitadas em dar melhores condições de vida à nossa população. Falta muita educação, a saúde ainda é bastante precária e a desigualdade, aviltante. Resta muito chão adiante até um dia virarmos uma nação realmente desenvolvida.