O Brasil foi, sim, posto no vermelho, como diz o anúncio oficial. Mas num tom muitas vezes mais rubro do que o expresso na peça propagandística.
O país que afunda na maior recessão da sua história, com queda acumulada de mais de 8% no PIB; que registra taxas recorde de desemprego, com um de cada quatro jovens sem trabalho; e que pela primeira vez em décadas amarga diminuição de renda e alta concomitante da desigualdade só aparece timidamente na foto.
Se a intenção era delinear o estrago promovido pela razia petista, faltou muito para caracterizar de fato a verdadeira herança maldita que o país terá de encarar, por anos e anos, doravante. Lá não está dito que as contas públicas vão enfileirar quatro anos seguidos de rombos, numa devastação que somará R$ 440 bilhões. Tampouco foi dito que o déficit do regime geral da Previdência Social, o INSS, multiplicou-se por dez desde o início dos governos petistas e quadruplicou apenas no curto intervalo desde a ascensão de Dilma.
Também não se diz que desde 2013 o PIB per capita mingua, na maior crise econômica da nossa história. Tampouco se fala que, com Dilma, o Brasil só se sai melhor que 19 países numa lista de 189 nações em termos de crescimento econômico acumulado entre 2011 e 2016, conforme já se mostrou aqui.
Mal se toca no verdadeiro cemitério de obras inacabadas em que o país se transformou sob a égide do PAC. Se era para usar exemplos comezinhos, faltou dizer que o papagaio deixado pelo governo Dilma em obras de mobilidade urbana equivale a mais de 70 anos de orçamento do Ministério das Cidades para esta finalidade.
Para tratar da hecatombe nas estatais, não se disse que a Petrobras vale hoje menos de um terço do que chegou a valer antes das esdrúxulas regras do novo marco regulatório do pré-sal, que ontem em boa parte a Câmara felizmente derrubou. Também não se mostrou que o único produto das mais de 40 empresas criadas pelo PT foi um prejuízo de R$ 8 bilhões, como já apontado aqui.
Não é um simples anúncio oficial que resumirá a dureza da realidade que os brasileiros enfrentam como fruto da incapacidade petista de bem administrar o país. É no dia a dia que as pessoas estão sentindo na pele o peso da herança amarga. E é nas urnas que as respostas estão vindo. Do governo, espera-se que enfrente com rigor redobrado o problema que até agora mal conseguiu resumir.