“Acho que o presidente Lula passa por um momento difícil. O que ele diz, eu não vou contestar. Acho que não cabe a mim, nesse momento, ficar falando, fazendo comentários sobre o que disse e deixou de dizer, atribuiu ou deixou de atribuir o presidente Lula”, disse, em referência a declarações dadas pelo petista nesta quinta, durante encontro do seu partido. Lula tentou transferir para terceiros a responsabilidade pelo desvio de R$ 87,6 milhões em propinas cobradas de empresas que mantinham contratos com o governo petista.
“Eu o respeito, eu lamento, sinceramente. É sempre de se lamentar que uma pessoa que tem a trajetória que teve o presidente Lula tenha chegado a esse momento de tanta dificuldade”, destacou. O ex-presidente tucano acrescentou que fica agora a cargo da Justiça apurar as denúncias e punir os responsáveis. O Ministério Público Federal também acusa o petista de ter recebido R$ 3,7 milhões em vantagens indevidas por meio do esquema de corrupção da Petrobras.
No Rio de Janeiro para participar de um encontro com o candidato do PSDB à prefeitura da capital, Carlos Osório, Fernando Henrique Cardoso também comentou o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Para o tucano, a cassação de Dilma foi consequência do desrespeito às normas constitucionais e da incompetência de sua gestão.
“Infelizmente, para o Brasil e contra a minha torcida, os governos recentes levaram o país a uma situação de desespero. São mais de 10 milhões, 11 milhões, 12 milhões de desempregados, uma falência das finanças públicas, uma impossibilidade de levar adiante programas sociais que eles próprios inventaram. Alguns eram meus, outros foram aumentados e inventados pelo próprio governo do presidente Lula. Esse mal-estar que foi gerado no Brasil é consequência de erros na condução da política, não é? E isso levou à paralisação do governo, à perda de substância do governo Dilma no Congresso, e levou ao impeachment”, constatou.
“Ninguém fica feliz quando há um processo de impeachment. O bom para a democracia é que os governos sejam capazes de chegar até o fim. Eu nunca fui favorável a interromper mandatos. Isso acontece quando há uma paralisação das decisões e há uma agressão a algumas normas constitucionais. É de lamentar”, acrescentou o presidente de honra do PSDB.
FHC ressaltou também que tanto o impeachment de Dilma quanto a cassação do mandato do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), são páginas viradas.
“A gente sabia que isso iria acontecer, dados os desvarios que foram praticados na condução do processo, no caso até pessoal dele [de Eduardo Cunha], nas negociações com entes governamentais. Mas é um caso menor, é uma página virada. Os dois casos são páginas viradas: um com consequências nacionais e outro com consequências mais restritas”, completou o tucano.