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A combatente curda morta em combate cuja luta contra o Estado Islâmico foi minimizada por conta de sua beleza

Asia Ramazan foto Alberto Rojas/BBC

Asia Ramazan foto Alberto Rojas/BBC

Jiyar Gol BBC

Asia Ramazan Antar morreu em 30 de agosto em batalha contra contra o ‘Estado Islâmico’

Descrita como a ‘Angelina Jolie do Curdistão’, pela beleza análoga à da atriz americana, Asia Ramazan Antar não foi apenas vítima das atrocidades do grupo autodenominado Estado Islâmico, mas também, segundo companheiras de luta, de comparações sexistas da imprensa ocidental.

No mês passado, a jovem de 19 anos, natural da cidade de Qamishli, morreu alvo de ataques de militantes do grupo extremista no norte da Síria.

Mas, na opinião de seus compatriotas, apesar de ser uma aguerrida combatente, sua personalidade – marcada, segundo suas colegas, por sensibilidade e modéstia – foi minimizada por sua aparência física.

Asia era combatente das Unidades de Proteção das Mulheres (YPJ, na sigla em inglês), uma organização militar do Curdistão composta apenas por mulheres.

No ano passado, apesar da resistência de grupos religiosos conservadores, combatentes do sexo feminino pressionaram o Curdistão a aprovar leis progressistas que criminalizaram a violência contra as mulheres, o casamento forçado e a poligamia.

Um dos resultados desse novo arcabouço legal foi a criação da divisão militar totalmente integrada por mulheres.

Para os meios de comunicação no Curdistão sírio, Asia Ramazan Antar foi uma das muitas combatentes que perderam a vida lutando contra o EI.

Companheiros de luta de Asia dizem que sua personalidade foi minimizada por sua aparência física

Ela se uniu às Unidades Curdas de Proteção à Mulher em 2015, nas quais adotou o nome de Vivyan Antar.

Depois de completar seu treinamento militar, Asia foi enviada ao front de batalha contra os militantes de EI.

Participou de cinco batalhas nos arredores de Manbij, perto da fronteira com a Turquia, em 30 de agosto.

Asia Ramazan Antar foi enterrada junto a outras combatentes que não receberam a mesma atenção da mídia ocidental

Durante os últimos dois anos, seis de seus primos e tios também morreram na luta contra o Estado Islâmico.

Assim como Asia Ramazan Antar, centenas de outros combatentes curdos morreram em combate. A maioria deles era jovem, em sua adolescência, mas ninguém recebeu a mesma atenção dos meios de comunicação que Viyan.

‘Representação sexista’

Asia Antar foto Alberto Rojas/BBC

Choman Kannani é um dos combatentes curdos que criticaram a forma como Asia foi tratada pelos meios de comunicação ocidentais.

Ele é o responsável pela reconstrução da cidade de Kobane, ocupada pelo Estado Islâmico e destruída entre 2014 e 2015, antes de as forças curdas expulsarem os jihadistas.

Kannani perdeu muitos companheiros de luta, tanto homens quanto mulheres.

“Toda a filosofia das Unidades Curdas de Proteção à Mulher é lutar contra o sexismo e evitar o uso da mulher como objeto sexual”, disse.

Integrantes das Unidades Curdas de Proteção à Mulher pressionaram autoridades curdas a criar leis a favor dos direitos femininos

“Queremos dar a mulheres o lugar que merecem na sociedade e que elas sejam donas de seus próprios destinos. Viyan morreu por esses ideais. Nos meios de comunicação, ninguém falava dos ideais pelos quais ela morreu, nem o que Viyan fez pelas mulheres no Curdistão sírio nos últimos quatro anos”.

Agrina Senna é uma comandante das Unidades que perdeu uma das pernas na batalha para liberar Manbij. Também perdeu muitos de seus amigos.

Ela fez um chamado para que as pessoas se informem de suas companheiras de luta que morreram e que negaram se viver sob o jugo do ‘EI’ e da sharia (lei islâmica).

“Veja as fotos dela, são todas angelicais, todas lindas, não se pode escolher uma só por esta ser parecida com uma atriz de Hollywood, Angelina Jolie ou Julia Roberts”.

Clique aqui para ler a íntegra.

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