O Brasil se despediu das Olimpíadas Rio 2016 com o sentimento do dever cumprido. Dezesseis dias depois de surpreender o mundo com uma cerimônia de abertura que encantou a todos, dentro e fora do Maracanã, o ato final dos jogos olímpicos também emocionou a todos.
Conseguimos mostrar a nós mesmos e ao mundo que os brasileiros e seu País são capazes sim de realizar um evento desta grandeza, reunindo mais de 206 países,10,5 mil atletas e recepcionar milhares de turistas que puderam conhecer um pouco mais do Rio de Janeiro e do Brasil.
Tudo funcionou pontualmente de acordo com a programação e o script e os pequenos incidentes – como o do nadador norte-americano – cairão no esquecimento e não impediram o reconhecimento da mídia mundial sobre a qualidade de excelência das olimpíadas realizadas na cidade maravilhosa.
O justificado temor de um eventual atentado não se confirmou, felizmente, e mostrou aos povos que o nosso território ainda está imune a esse tipo de ação nefasta. A lamentar, a morte de um militar da Força Nacional.
Há de se destacar o desempenho da delegação brasileira nestas olimpíadas. Superamos todas as marcas com o maior número de medalhas e o maior número delas de ouro, apesar de não termos alcançados a meta estabelecida de 27 – alcançamos 19.
Uma delas é simbólica em todos os sentidos.
O ouro da judoca Rafaela Silva é especial. Sua história de vida é igual à de milhares de jovens negras brasileiras que moram em comunidades e que sofrem preconceitos e restrições de toda a ordem – de raça, de gênero e econômica.
O sobrenome dela é Silva, não por acaso o mesmo de mais de cinco milhões e brasileiros espalhados pelos rincões de norte a sul deste nosso imenso país.
São milhões de Silvas que, como Rafaela, lutam diariamente para superar dificuldades e conquistar melhores salários, melhores condições de moradia, por uma mobilidade urbana melhor.
São milhões de mulheres que enfrentam cotidianamente todas as adversidades para manter, sozinha, 40% dos lares brasileiros. Enfrentam o descaso do poder público com a Saúde, com a falta de creches ou de uma educação adequada para seus filhos.
Mulher, guerreira, humilde, Rafaela é também a marca da superação pessoal, da obstinação, da disciplina para se chegar a um objetivo. Ela não é diferente destas milhões de Silvas, de 11,7 milhões de Marias que marcam a identidade feminina nacional.
A vitória de Rafaela, o desempenho da delegação feminina nas olimpíadas e o sucesso do evento revelaram ao mundo que apesar de todas as nossas dificuldades econômicas, políticas e sociais, o Brasil e seu povo são capazes, competentes e eficientes.
E que, no rumo certo da democracia, com o pleno funcionamento das instituições, vamos nos tornar um exemplo, não só no esporte, mas principalmente na qualidade de vida do valoroso povo brasileiro.
Para dar maior significado à vida das Silvas, Martas e Marias do Brasil.
*Solange Jurema é presidente nacional do Secretariado da Mulher/PSDB