É que, de repente, na esteira de algumas delações cujo conteúdo não foi revelado – muitas estão em fase de negociação – têm surgido aqui e ali vazamentos de listas de políticos de oposição que receberam contribuições de campanha absolutamente legais, como se esses políticos tivessem cometido algum ilícito.
Custa crer que pessoas que estão fora do poder há mais 10 anos tiveram força para receber, como doação legal, recursos obtidos através de propina. Como alguém que não foi governo esses anos todos pode ter entrado no aparelho de estado para corromper?
É necessário investigar se algum oposicionista de araque não conseguiu fazer isso – nunca é demais uma investigação – mas é muito difícil acreditar que pessoas que combaterem abertamente os governos petistas – estes sim envolvidos em propinas transformadas em “doações legais” – receberam recursos oficiais de campanha em troca de alguma benesse.
Desde que passou a ser permitido que empresas privadas financiassem campanhas políticas que quase todas elas contribuíram para os partidos, de oposição ou situação, como estava previsto em lei.
Nunca se levantou suspeita sobre isso. A diferença mostrada pela Lava Jato é que descobriu-se que, nos últimos anos, formou-se uma quadrilha dentro do sistema que beneficiava empreiteiras com contratos superfaturados em troca do pagamento de propinas em dinheiro ou mediante doações de campanha que não passavam de lavagem de dinheiro.
As operações, pelo visto, foram usadas não só pelo PT mas por uma parcela dos partidos que com a ele se coligaram nacionalmente.
Este comentário vem a propósito do que aconteceu há 15 dias com o ministro Mendonça Filho teve seu nome envolto em uma suspeita de ter recebido R$ 100 mil como doação de campanha feita pela da UTC, uma das empreiteiras da Lava Jato. Só na semana passada, o procurador Rodrigo Janot assumiu que o nome do ministro fora citado indevidamente e o ministro do STF Teori Zavaski tirou o nome de Mendonça da peça investigatória.
O caso de Mendonça chocou pela injustiça e pelo fato de um dos mais ferrenhos parlamentares da tropa de choque oposicionista ter, de repente, entrado na lista de suspeitos.
Mesmo se ele tivesse recebido R$ 100 mil da UTC – o que provou não ser verdadeiro – isso não significaria propina mas uma contribuição de campanha na época prevista em lei.
É grande a responsabilidade que recai hoje sobre os ombros dos investigadores no sentido de evitar misturar alhos com bugalhos e dar à sociedade a impressão que são todos farinha do mesmo saco, jogando a classe política na vala comum e criando uma situação explosiva em nosso país.
Isso só interessaria aos partidos que estão envolvidos em propina e querem reparar os seus pecados passando a impressão de que são todos culpados.
Não são. O Brasil tem muitos políticos honrados que trabalharam dentro do permitido por lei. E quem cumpre lei não pode ser jogado no rol dos criminosos. Ou então estamos todos perdidos.
*Terezinha Nunes é presidente do PSDB Mulher-PE e integrante da executiva nacional do partido