Se o que se viu no auditório nesta sexta-feira são as futuras lideranças do partido, estamos bem servidos. Moças e rapazes das mais variadas origens e pensamentos, juntos, renovando a arte de fazer política partidária pensando no bem maior. Política feita para o povo, não em interesse próprio.
Representando o PSDB Mulher Nacional, Adriana Toledo (AL), Luciana Loureiro (DF) e Jimmyana Rocha (CE). Adriana e Jimmy falaram pelo segmento na palestra “A mulher e a atuação político-partidária”.
Henrique Vale, o presidente da Juventude do PSDB, abriu o evento alertando que entre os presentes, estão os futuros líderes do partido.
O Hino Nacional levantou a plateia antes que as palestras começassem.
Primeira palestrante, a cientista política Luciana Veiga, falou sobre “Comportamento Eleitoral e Comunicação Política”. Sua abordagem inicial foi a Teoria do Comportamento Eleitoral, que mapeava a identidade partidária, em que as pessoas votam nos partidos com que se identificam. “Pessoas com sofisticação política votariam de acordo com seus partidos e pessoas sem sofisticação política votariam aleatoriamente”. Essa teoria predominou na década de 40 e começou a ser desafiada pelos chamados “partidários rituais”, pessoas sem sofisticação política, que passam a votar nos partidos a partir de experiências favoráveis que tiveram em um governo.
O outro tipo de eleitor, para Luciana Veiga, é aquele com sofisticação política, que gosta de política, mas não gosta de partidos. Como lidar com o apartidário, que é um desafio por vir aumentando?
“Não dá para prescindir da mídia tradicional nem das redes, são complementares. Em campanha eleitoral não dá para prescindir de nada. Nas redes, onde mais se discute política é no Facebook”: Luciana Veiga
Quarenta e dois por cento declararam voto em redes sociais em 2014, o que aumenta o engajamento. Já na mídia tradicional, pesquisa Datafolha divulgada em 22 de outubro de 2014, mostra que 41% assistiram ao debate no SBT, é um número expressivo.
10 Ideias Chaves
. Democracia com número crescente de apartidários – rejeição ao “engessamento” espera-se laços mais fluidos do que a identidade partidária. Ninguém quer vínculos fortes, a falta de compromisso da vida pessoal vem para a política. Não se pode esperar identidade partidária muito forte para ganhar eleição, é preciso ampliar e trazer quem queira um relacionamento mais solto.
. Há forte presença do debate político nas redes sociais – interação, formação de opinião, compartilhamento em outros grupos, 40% dos que acessam redes sociais disseram que os debates nestas instâncias tiveram efeito sobre o seu voto.
. Mídias tradicionais – TV e Rádio – demonstram peso – as pessoas ainda comentam – predominantemente – o que é divulgado na imprensa tradicional. O grau de interação das redes sociais com a internet é muito grande, esse cruzamento de informação entre redes e mídia tradicional é muito importante.
. Complementariedade, não substituição.
. Nova agenda – Temas – promover igualdade de gêneros, o mundo ficou muito diverso, complexo. É preciso discutir e dar conta dessa diversidade. Mais oportunidade de trazer os eleitores para o partido, onde ele se identificar é onde terá vontade de levantar sua bandeira.
. Novo jeito de fazer política – mais participação + mais transparência + prestação de contas – gente pegando criança no colo, mandando beijo, não funciona mais. As pessoas querem participação, querem ter voz, como no Facebook. A Lava-Jato alertou as pessoas para a gravidade da corrupção e seus efeitos, particularmente os apartidários, que agora sabem identificar o que está errado ou não. Caiu a ficha de que a corrupção é danosa não só pelo dinheiro desviado e sim pelo que se deixa de fazer com o que foi desviado.
. Novo jeito de dialogar com o eleitor
O eleitor apartidário não gosta que o partido interfira em sua decisão. Não adianta querer persuadi-lo a fazer algo a que ele seja reticente.
Ele tem que ser meu interlocutor, é preciso ouvi-lo. É preciso promover o debate para que ele tome sua decisão, ainda que isso implique em alguma perda. É preciso resgatar a confiança e a legitimidade.
Para a cientista política, não há como sanar a crise de representação que existe atualmente sem quebrar a percepção do eleitor da dissonância entre o discurso e a prática do partido. É preciso haver diálogo permanente.
“Qualquer partido que focar apenas em voto e em curto prazo corre o risco de colocar em jogo a confiança da população”, alerta Luciana Veiga.
Henrique Vale retomou a palavra para lembrar que a excelente palestra de Luciana Veiga, assim como as seguintes, servem não só para campanhas políticas mas para tudo, na vida pública e abre para perguntas rápidas, antes de anunciar os próximos palestrantes: a recém-nomeada secretária de Políticas de Promoção da Igualdade Racial do Governo Federal, Luislinda Valois e Juvenal Araújo, presidente do Tucanafro, que falaram sobre “A juventude negra quer viver”.
Luislinda Valois começou sua fala alertando para as causas que matam o jovem negro atualmente: drogas, excesso de liberdade e falta de orientação.
“Nós do PSDB precisamos incluir o negro. Dizer: Venham, negros, vocês são competentes. Tenho certeza de que isso ainda vai acontecer”: Luislinda Valois.
Quero ver negros senadores, deputados federais, estaduais, governadores, só não quero que saia daqui o presidente da República de 2018, brincou ela, dizendo que esse já está escolhido, “é Aécio Neves”. O auditório veio abaixo.
A responsabilidade da juventude é se unir para mudar esse país, que está precisando muito de um rumo, disse Luislinda, pedindo ajuda dos jovens para colocar os negros no lugar que lhes é de direito.
“Não aceitem o racismo, não aceitem a discriminação, seja ela qual for. Temos que apoiar os diferentes: os negros, os gays, os candomblecistas, os deficientes físicos. Os negros não podem continuar sendo apenas bons pagadores de impostos”: Luislinda Valois.
A Secretária de Igualdade Racial pediu também por cotas nas bancas examinadoras de concursos públicos, para que não se repitam casos já divulgados na imprensa de discriminação a aprovados, em função da cor.
Luislinda contou um pouco de sua vida de criança pobre que venceu a luta de esforço e determinação e encerrou pedindo apoio à luta ferrenha contra a política da corrupção.
Em seguida Juvenal Araújo, presidente do Tucanafro, exibiu um vídeo , denunciando o crescente número de assassinatos de jovens negros no Brasil. Em 2011, 67,5% das 27.411 jovens vítimas até 25 anos, assassinadas no país eram negras. “Mais chocante do que essa realidade só a indiferença”.
Juvenal alertou para a juventude que mora nos estados que mais matam negros no Brasil e que são Alagoas, Espírito Santo, Pará e Rio de Janeiro. Alagoas é o estado em que mais se matam mulheres e homens negros no país.
“Vocês precisam nos ajudar a mudar essa realidade. O PSDB tem compromisso para que possamos discutir em nossos municípios essa situação. É responsabilidade de cada um de nós”: Juvenal Araújo
Juvenal encerrou sua fala lembrando que a luta contra o racismo não é apenas dos negros e sim de todos nós.
Era a hora do PSDB Mulher falar, foram chamadas ao palco Adriana Toledo, presidente do PSDB Mulher de Alagoas, e Jimmyana Rocha, do PSDB Mulher do Ceará. A palestra das duas: “A mulher e a atuação político-partidária”.
Adriana Toledo começou saudando Solange Jurema e destacando o trabalho do PSDB Mulher Nacional nos vários estados brasileiros, para incentivar o ingresso da mulher na vida pública, “não como laranja, não nos interessa ter laranjas, mas como mulheres efetivamente compromissadas com a política”.
“Um dia não precisaremos mais de cotas como mecanismo de ingresso na vida pública, mas hoje ainda precisamos delas. Sei que vocês não gostam muito desse assunto, mas a importância da participação feminina na política justifica a adoção de cotas, sem ela as mulheres não conseguem entrar”: Adriana Toledo
Adriana encerrou sua fala pedindo apoio da juventude para enfrentar a violência contra a mulher, uma das principais bandeiras do PSDB Mulher.
Jimmy Rocha também transmitiu o abraço de Solange Jurema e da equipe do PSDB Mulher Nacional e perguntou: “Será que estamos mostrando a mulher real? Essa mulher da vida real, que leva o filho na escola?”.
“Vocês tiveram dificuldades para trazer mulheres para esse evento? Soube que alguns tiveram. Por que estamos com essa dificuldade, em um momento tão delicado da vida nacional. Será que estamos conseguindo nos comunicar dentro do partido? Será que estamos em comum acordo com tudo o que está acontecendo aí fora?”; Jimmy Rocha
Jimmy, em seguida, apresentou seu programa “Tucanas em Rede”, que vai fazer um trabalho diferenciado ao vai ouvir as mulheres em vez de tentar impor a elas a comunicação vertical, do partido para eleitora. “Nem à frente, nem atrás, lado a lado”.
O último palestrante da noite foi Marcos Fernandes, presidente da Diversidade Tucana, que falou sobre “Segmento Diversidade”, e fez uma retrospectiva histórica do que foi a diversidade dentro do PSDB. A preocupação com a garantia dos direitos relativos à diversidade sexual vem de longa data no partido.
“O pioneiro em políticas públicas em igualdade racial, direitos da mulher, diversidade e políticas de combate à perseguição da população LGBT foi Franco Montoro”: Marcos Fernandes
Não existe nenhum estado governado pelo PSDB que não tenha uma Secretaria dedicada à causa LGBT. Em 2010 foi criado o Diversidade Tucana como Núcleo Nacional.
Amanhã a programação começa ás 10h e dura o dia inteiro, com palestras, debates e vivências.