Em 2014 repetiu a performance conseguindo a reeleição montado em expressivos mais de 1 milhão de votos.
O que fez Tiririca até agora para corresponder às expectativas dos seus eleitores, embora esses pareçam não se preocupar muito com isso, já que votaram muito mais no achincalhe da política do que nele próprio?
Bem, não se sabe de algo significativo produzido pelo palhaço-deputado mas em entrevista ao apresentador Jô Soares há pouco mais de uma semana, deu para perceber que Tiririca não fez e nem aprendeu muita coisa.
Instado por Jô a dar sua opinião sobre o que está acontecendo em Brasília, Tiririca saiu-se com essa : “ Eu estou achando realmente, na realidade, com sinceridade que está totalmente do jeito que estamos vendo. Tá feio e ninguém sabe de nada, ninguém sabe quem é quem, ninguém sabe o que vai acontecer”.
Quase tonto sem entender o que ouvia Jô encerrou a entrevista dando uma lição em Tiririca que pedia mais tempo para falar: “eu já lhe dei mais tempo do que o que lhe concederam na votação do impeachment” que, como se sabe, se limitou a alguns segundos.
O exemplo de Tiririca é importante nesse momento em que se aproxima a eleição municipal e os eleitores xingam e vaiam cada vez mais os políticos, grande parte com razão, mas obedecendo a um perigoso lugar comum que rebaixa todos os parlamentares a um mesmo patamar, ou seja, ao pior dos mundos.
Como já lembrou o inquestionável Papa Francisco, “não há saída para a humanidade que não seja através da política”.
Dar as costas para a política ou ameaçar com novos Tiriricas ou com novos salvadores da pátria que se apresentem como puros por nunca ter participado de eleições é impedir – aí sim – que se encontre uma luz no fim do túnel.
Se há políticos desonestos que eles sejam punidos e derrotados mas que se procure participar, se informar, e aí sim eleger os melhores que se apresentarem.
A negação da política, coisa que a classe média tem feito cada vez mais em nosso país, se abstendo de votar na eleição parlamentar ou partindo para o deboche, só vai complicar ainda mais a busca por uma saída honrosa para a grave crise em que o país está metido.
Novos atores irão se apresentar e é importante que se apresentem e sejam votados mas com consciência e com a certeza de que desempenharão bem os seus papéis.
Há que se acreditar, porém, na possibilidade alvissareira de que a população, vendo aonde o país chegou, desperte para a necessidade de sair do ostracismo e pegar o touro a unha, como diz a linguagem popular, participando da eleição “como nunca se viu na história desse país”.
Depois da Lava Jato fica claro que precisamos aprofundar o voto consciente e o debate político. Este último parece ter começado a acontecer. Hoje é difícil encontrar uma roda de conversas em que a política não esteja presente, coisa impensável nos últimos 13 anos.
Só aí já temos um bom começo. Que ganhe corpo e se multiplique.
*Terezinha Nunes é presidente do PSDB Mulher-PE