Muita gente acabou não indo para as ruas – preferindo suas residências – com receio de uma batalha campal.
Não era para menos.
O senador Humberto Costa, líder de Dilma no Senado, se encarregou de dar um tom oficial ao discurso terrorista declarando na tribuna “se o impeachment for aceito o vice-presidente Temer será o próximo a cair”, dando a entender que o PT se encarregaria disso.
Mas, apesar de Brasília ter erguido até um muro para separar as torcidas a favor e contra Dilma, com receio da debacle, nada demais aconteceu.
No final do domingo da votação, os oposicionistas comemoraram se abraçando e soltando fogos e os apoiadores da presidente, como a imprensa mostrou, choraram também abraçados.
Nenhum tiro foi disparado, nenhum empurrão foi dado. O próprio povo deu uma lição de maturidade jamais vista.
A trégua, porém, durou pouco. Coube à própria Dilma recrudescer no discurso de golpe e nas ameaças anunciando uma ida à ONU para denunciar os poderes constituídos no Brasil, sofrendo a reprimenda pública de três ministros do Supremo, o que a fez recuar.
Na última quinta-feira, o próprio PT botou a cara à tapa soltando uma nota do seu diretório nacional onde afirma que “caso a oposição insista na rota golpista, o PT não respeitará o governo (Temer) ilegítimo e ilegal.”
O presidente Ruy Falcão foi mais além. Disse que o PT não fará apenas uma oposição parlamentar a um governo Temer “vamos dizer para a população, ´para a sociedade que com governo ilegítimo não tem paz, não tem tranquilidade, tem luta”.
Já o ex-presidente Lula, temporariamente calado, soltou a voz esta segunda acusando a Câmara de “quadrilha legislativa”. Mais radical, impossível.
Diante de graduados dirigentes que afirmam essas coisas, não é de admirar que o presidente do MTST, Guilherme Boulos tenha dito na semana passada que “vai ter resistência nas ruas” e que o diretor executivo da CUT, Júlio Turra, tenha afirmado que “a CUT não deixará Temer em paz”.
Onde foram os petistas e seus seguidores buscar amparo legal para falar o que estão falando?
Afinal, o STF já esclareceu à própria presidente que o processo é legal refutando, majoritariamente, os pedidos de freio ao impeachment.
A Constituição, por seu turno, afirma que na vacância do cargo de presidente, por renuncia ou afastamento, o vice é seu substituto, o que garante a posse de Temer.
Ou se trata de mais uma ameaça ao Congresso, desta vez aos senadores, como a anterior, o que resultará em um blefe semelhante ao que aconteceu antes da votação na Câmara, ou os petistas vivem a ilusão de que, sem poder, vão conseguir arregimentar milhares de paus mandados para afrontar os poderes constituídos.
É difícil conseguirem seu intento.
As últimas manifestações que patrocinaram, como a imprensa mostrou, foram sustentadas, em grande parte, por pagamentos e distribuição de comida aos manifestantes.
Depois, passada a fase mais delicada da crise, a Justiça, provocada ou não, dificilmente vai deixar que o país continue sob ameaça de maus perdedores.
E diga-se de passagem: comandada por grupos radicais cada vez menores.
*Terezinha Nunes é presidente do PSDB Mulher-PE*