“Uma agenda capitaneada pelo Temer vai depender da coragem que ele tenha de encabeçar esta agenda, mas não tira do PSDB o seu compromisso de apresentar para o país uma proposta eleitoral. Não abdicamos do nosso projeto. Vamos dar sustentação política para o governo Temer desde que refaça o que precisa ser feito, construa essa linha. Temer já mostrou disposição de colher inspiração no que já apresentamos ao país”, afirmou.
Para Aécio, o que o Brasil precisa discutir daqui para frente é uma reforma política que recrie a cláusula de barreira, estabeleça voto distrital misto e proíba coligações proporcionais. Também é preciso coragem para modernizar a legislação trabalhista, garantindo empregos; investir na profissionalização das agências reguladoras, dos fundos de pensão e das estatais; simplificar o sistema tributário e debater a questão previdenciária.
O presidente nacional do PSDB reconheceu que um eventual governo Temer terá dificuldades, mas ressaltou que a mudança do governo é uma necessidade para o Brasil. “Dilma não garante as condições de continuar o mandato, porque a economia vai continuar paralisada e ninguém vai botar um real no país. A qualificação do governo tende a piorar”, disse.
Aécio Neves acrescentou que, na hipótese de o pedido de impeachment não ser aprovado na Câmara, o caminho natural seria o impulso ao processo de cassação da chapa eleitoral de Dilma no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), alimentado pelo agravamento da crise econômica e pelos fatos novos da Operação Lava Jato.
Ele avaliou que um cenário de vitória do governo na votação do impeachment poderia significar a maior das derrotas para o Brasil e para a própria Dilma. “Ela não readquirirá confiança. Governo sem credibilidade não é governo. Haverá um vácuo que precisará ser preenchido de alguma forma”, considerou.
‘Brasil requer urgência’
Aécio destacou ainda que, seja qual for a decisão tomada pelos parlamentares na votação, “o Brasil requer urgência”. Para o senador, a força do impeachment é alimentada pelo próprio governo e seus equívocos.
“Ouço muito líderes do PT, gente da base da presidente, culpando a oposição e as manifestações pelo clima de instabilidade, mas se hoje a presidente corre risco é por responsabilidade exclusiva dela. Ela está empenhada em preservar um único emprego no país, o seu. Ela sozinha jogou pela janela o ativo essencial, insubstituível, que é a credibilidade”, apontou.
“Não sou dos mais radicais oposicionistas e concedo que um terço da crise que estamos vivendo provém do desaquecimento externo. Mas a grande parte se deve ao que passamos no país. Uma queda do PIB [Produto Interno Bruto] de 10% em três anos é cenário de país em guerra. É claro que toda esta instabilidade, acrescida da Operação Lava-Jato, afeta muito mais o governo do que afetaria em um cenário de razoável instabilidade econômica”, completou.