As emendas parlamentares individuais não serão atingidas pelo bloqueio temporário de verbas, permanecendo com R$ 6,6 bilhões à disposição dos congressistas, como revela reportagem da Folha de S. Paulo desta quinta-feira (31). O montante destinado à Saúde passou de R$ 90 bilhões para R$ 87 bilhões de reais. Já a verba da Educação caiu de R$ 34 bilhões para R$ 30 bilhões, o que representa um corte superior a R$ 6 bilhões nesses dois setores fundamentais.
Além das emendas, o governo também começou a redistribuir cargos de diversos escalões a partidos aliados para garantir votos contra o impeachment, depois que perdeu o apoio do PMDB – maior bancada do Congresso – numa forte moeda em troca de apoio. Na operação “abafa impeachment”, Dilma deve anunciar a nova composição de seu ministério nesta sexta (01).
A deputada federal Mariana Carvalho (PSDB-RO) diz que os cortes refletem o desespero do governo para tentar, de todas as formas, evitar o processo de impeachment. “É o que realmente o governo tem tentado fazer. Agora com esse desvínculo do PMDB, sobrando vários cargos, ou quem sabe, as possíveis entregas de ministérios, eles já estão fazendo essas negociações. O momento deles é de desespero. Então, eles estão apostando e jogando todas as fichas das formas que eles podem para conquistarem esses votos e serem barrados e lá na frente não tendo a condição do impeachment acontecendo.”
O governo também vai retirar R$ 2,8 bilhões da área de Defesa e outros R$ 1,2 bilhão dos Transportes. Esse é o segundo contingenciamento realizado pela União neste ano. O primeiro, anunciado em fevereiro, foi de R$ 23 bilhões de reais. A deputada Mariana Carvalho lamenta que áreas tão importantes sejam afetadas pela má administração do governo Dilma.
“A gente percebe que esse governo cada vez menos não tem capacidade de governar o país. Ainda mais com dois temas como a Saúde e a Educação, eles querendo fazer esses cortes no orçamento de ministérios tão importantes para o nosso país”, afirmou.
O deputado federal Daniel Coelho (PSDB-PE) alertou, em discurso na tribuna da Câmara nesta quarta-feira (30), que a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) está entre os instrumentos de negociação da petista no “leilão” em que transformou o seu governo.
“A saúde do povo pobre brasileiro colocada numa mesa de negociação para comprar voto de deputado contra o impeachment. É uma vergonha o que está acontecendo hoje em Brasília. Como é que um cidadão decente ainda defende um governo que tem esse tipo de prática. Quem é sério não pode compactuar com esse tipo de prática e não pode defender esse tipo de governo?”, questionou, reforçando a vigília que fará a oposição até o dia da votação do impeachment.