Cássio disse que não tinha nenhuma procuração para defender Temer até porque, segundo ele, o vice-presidente não faz parte do PSDB.
“O que chama a atenção é que, até bem pouco tempo atrás, o vice-presidente Michel Temer serviu, sim, para os projetos políticos do Partido dos Trabalhadores, para compor, em duas oportunidades, a chapa como vice da ainda presidente Dilma Rousseff”, afirmou.
Falta respeito
Na avaliação do líder, a população brasileira já não respeita mais o governo do PT por tudo o que já foi revelado e descoberto nos últimos tempos.
“Eles querem ganhar no grito, como se grito fosse nos intimidar, como se eles fossem detentores do monopólio do povo brasileiro. Bravata pura, alarido, vociferação de quem já não tem sequer o respeito do povo brasileiro, quiçá nem o apoio. Não se fala mais de perda de apoio, fala-se de respeito. Não vamos aceitar provocações. Nós precisamos manter a serenidade necessária, a firmeza de lançar um olhar para o amanhã. Ao projetarmos esse olhar para o futuro de curto prazo poderemos encontrar alternativas que minimizem a profunda crise. E isso é o que me preocupa, porque o que bate de real na vida das pessoas é o desemprego, a inflação, uma economia que está se esfacelando. Não há parâmetro na história da humanidade, muito menos em países em desenvolvimento como o nosso, que consiga tamanha façanha de catástrofe econômica. Sim, porque tivemos, em 2014, 0% de crescimento; e em 2015, praticamente 4%. Todas as projeções apontam para -4% para 2016, se tudo correr bem; pode chegar a -5%. Em 2017, no mínimo -2%”, lamentou Cássio.
Antipovo
Ao rebater o senador Lindbergh Farias (PT/RJ) que disse nunca ter visto nada mais antipovo do que a proposta do PMDB denominada Uma Ponte para o Futuro, Cássio afirmou que já tinha visto, sim, algo mais antipovo: “Ao pegar essa visão trazida pelo senador Lindbergh, que nunca viu nada mais antipovo, eu vou lhe sugerir que coloque os olhos na Petrobras. Olhe para a Petrobras. Olhe para o que acontece em outros grandes esquemas de corrupção que estão sendo revelados, porque nada é mais antipovo do que roubar o povo. É o que está acontecendo todos os dias neste país”.
Confira o vídeo:
Imprensa Internacional
Cássio também criticou a atitude da presidente da República, Dilma Rousseff, de reunir jornalistas estrangeiros para dizer que o processo de impeachment em curso no país é uma tentativa ilegítima de afastá-la da Presidência do país.
“A sanha e a sede de poder às vezes cegam. Quando as pessoas entram em colapso, e isso serve também para governos, há uma falência múltipla. E o que se vê neste instante derradeiro do governo da presidente Dilma é um verdadeiro colapso e um desencadear de erros em sucessão. É uma cachoeira de equívocos, a ponto de a presidente não perceber que ela não pode agir dessa maneira, pois há uma regra básica: um brasileiro que ama a sua terra não fala mal do Brasil no estrangeiro. Pode ser o que for, mas quando chegamos em terras estrangeiras, vamos defender o nosso país.
Proselitismo
Para Cássio, além dos danos causados por todos os equívocos econômicos cometidos pelo governo do PT, a presidente Dilma agora “vem criar esse enredo fantasioso de golpe, proselitismo político puro, vociferação de desesperados. É um alarido de desalentos de quem já não consegue mais argumentar em bases razoáveis e tenta construir um discurso para o amanhã, para, talvez, na eleição de 2018 ou 2020, um segmento da população para o qual eles ainda vão se dirigir, um discurso de vitimização, alegando que foi vítima de um golpe, quando a Suprema Corte, por intermédio de praticamente todos os seus ministros e ministras, tem declarado que, por óbvio, impeachment não é golpe porque está previsto na nossa Constituição”, destacou.
Em aparte, o senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) disse que a democracia brasileira tem alguns mecanismos de defesa que foram concebidos, segundo ele, com base na teoria original de Montesquieu, da separação dos Poderes, nos chamados freios e contrapesos.
Anastasia explicou que, no caso brasileiro, da nossa Constituição, nós não adotamos o modelo parlamentarista, que é vigente em alguns países europeus onde existe, inclusive, a figura do voto de confiança.
“Aqui é o contrário, aqui, de fato, o poder Executivo é encarnado e exercido pela chefia do poder Executivo, que é o presidente da República. E, por isso mesmo, a nossa Constituição corretamente faz a previsão de atos que, evidentemente e eventualmente, perpetrados pelo presidente da República, incorrem no denominado crime de responsabilidade. Na realidade, o crime de responsabilidade não se contrapõe ao chamado crime comum, o crime comum próprio do julgamento da Justiça comum, de acordo com os respectivos foros e as respectivas competências. O crime de responsabilidade é distinto. Ele decorre exatamente da quebra do equilíbrio entre os Poderes, do exercício desmesurad o do poder pelo Chefe do Poder Executivo, que atenta, por exemplo, contra a União, que atenta contra os Poderes constituídos, que viola a Lei Orçamentária, que desrespeita a autonomia de Estados e Municípios, todos esses objetos elencados na Constituição e que são objetos do procedimento previsto na velha Lei nº 1.079, de 1950. Então, esse é o objeto do grande debate agora. E se faz, na verdade, uma grande celeuma muito mais sobre o manto e a fumaça das questões de ordem política do que das questões de ordem jurídica, que estão bem fundamentas e lastreadas”, afirmou.
Da Liderança do PSDB no Senado