A antecipação foi uma estratégia para garantir com rapidez foro privilegiado ao petista, evitando um eventual pedido de prisão, como comprova gravação telefônica feita pela Polícia Federal que flagrou conversa entre Dilma e Lula nesse sentido. O foro especial também leva as investigações contra o ex-presidente para o Supremo Tribunal Federal, saindo das mãos do juiz Sérgio Moro, que conduz a força-tarefa da Operação Lava Jato.
Segundo o jornal, a versão original do convite enviada às autoridades dia 15 e na manhã do dia 16 citava só a posse de Aragão. Na quarta à noite foi disparado um “aditamento” ao convite 23-A. “Em aditamento ao convite número 23 de 15 de março, informo ao senhor (….) que às 10h do dia 17 de março de 2016 ocorrerá a cerimônia de posse dos novos ministros de Estado Chefe da Casa Civil, Luiz Inácio Lula da Silva; da Justiça, Eugênio Aragão; da Secretaria de Aviação Civil, Mauro Lopes; e do chefe de Gabinete Pessoal da Presidenta da República, Jaques Wagner”. O convite, ao qual O Globo teve acesso, foi enviado por email a uma autoridade e recebido pouco após as 20 horas.
O jornal também obteve a versão inicial do convite, enviado na terça-feira, pouco antes das 18h, com um dia e meio de antecedência, chamando somente para a posse do novo ministro da Justiça. Antes da nova versão do convite, petistas e integrantes do governo também comunicaram que a posse do ex-presidente ocorreria apenas na próxima terça- feira (22). Numa rede social, inclusive, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, postou: “Terça-feira é a posse do Lula, o ministro da Esperança”.
A matéria informa ainda que, com a antecipação da posse, o cerimonial correu contra o tempo e teve que transferir a cerimônia preparada para acontecer no Salão Oeste do Palácio do Planalto para o Salão Nobre – já que, em vez de um evento pequeno com apenas um ministro, haveria um maior, com Lula entre outros três empossados.
Versão oficial
Segundo O Globo, a explicação oficial foi de que, como Lula não sabia se compareceria à cerimônia, seria preciso obter a assinatura dele num termo de posse. No entanto, em conversa gravada pela Polícia Federal com autorização judicial, Dilma diz que o documento só deveria ser usado “em caso de necessidade”. Para investigadores da operação Lava Jato, o termo seria um indicativo de que Lula estaria recebendo documento que evitasse sua eventual prisão. A explicação oficial foi dada apenas após o vazamento de conversas entre Dilma e Lula.