Eu era professora de português para estrangeiros e, além de lhes ensinar nossa língua tão linda, sentia-me comprometida em traduzir o país para aquelas famílias estrangeiras, que vissem que não somos o povo do jeitinho, do faz assim mesmo que ninguém vai perceber, do deixa para amanhã o que já foi deixado ontem, do todo mundo faz assim. Com familiares e amigos que venceram pelo trabalho, estudo e capacidade, queria que os alunos soubessem o quão profissionais e honestos podemos ser.
Os tempos eram outros, corriam os anos 90, tínhamos outros exemplos e acho que, em geral, alcancei meus objetivos. Nos desdobramentos incríveis do Plano Real e na terapêutica de algumas insanidades nossas iniciada pelos governos FHC, recentemente batizados de “mar de insensatez socialista” num artigo risível, as instituições se revigoravam, a economia se estabilizava, o Estado e os mecanismos de governança se submetiam a agências fiscalizadoras, vigia o princípio republicano de separação entre público e privado, a democracia amadurecia no país que em 10 anos se livrara da ditadura militar e, na boa, se refazia de um impeachment: o Brasil se modernizava e parecia que chegaríamos à civilização.
Leia mais aqui.