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Coreia do Sul e Japão selam acordo sobre escravidão sexual na 2ª Guerra

Primeiro-ministro japonês pediu desculpas pelo sistema criado por oficiais

POR O GLOBO / COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIs

Familiares de sul-coreanas cobram pedido de desculpas do Japão em frente ao Ministério das Relações Exteriores, em Seul – Ahn Young-joon / AP

SEUL — Em um acordo histórico, Coreia do Sul e Japão chegaram a um entendimento sobre o caso “mulheres de conforto”, um sistema de escravidão sexual criado pelo Exército japonês durante a Segundo Guerra Mundial. O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, pediu desculpas pelo esquema de prostituição e considerou o pacto o início de uma “nova era” nas relações entre os dois países.

— O Japão e a Coreia do Sul darão boas vindas a uma nova era — disse Abe a repórteres em Tóquio, depois de falar por telefone com a presidente sul-coreana, Park Geun-Hye. — Ambos os países vão cooperar em conjunto.

Apesar de manifestar seu remorso, Abe ressalvou que o impasse não deveria se estender às futuras gerações japonesas. Nos tempos de guerra, as coreanas foram forçadas a se prostituir em bordéis.

— Nunca devemos permitir que este problema se arraste para a próxima geração — defendeu o premier, ecoando comentários feitos na cerimônia que lembrou o 70º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial em 15 de agosto. — De agora em diante, Japão e Coreia do Sul entrarão em um nova era.

Mais cedo, o ministro japonês das Relações Exteriores, Fumio Kishida, disse que o governo sente profunda responsabilidade e contribuirá com um fundo para ajudar essas mulheres. O Japão aceitou depositar um bilhão de ienes (US$ 8,3 milhões) para indenizar as vítimas sul-coreanas ainda vivas. Na Coreia do Sul restam 46 sobreviventes, a maioria entre 80 e 90 anos.

— O premier Shinzo Abe demonstra pela 11ª vez seu sentimento de remorso e desculpas sinceras para todas as mulheres que se submeteram a experiências imensuráveis e dolorosas — declarou Kishida a jornalistas. — O sistema das ‘mulheres conforto’ existiu em razão do envolvimento do Exército japonês, e o governo japonês é plenamente consciente de sua responsabilidade.

Desde que chegou ao poder, em fevereiro de 2013, a presidente Park Geun-Hye adotou uma posição intransigente em relação ao assunto. Recentemente, ela sustentou que este tema era o maior obstáculo para que ambos os países pudessem ter relações amistosas.

‘DEFINITIVO E IRREVERSÍVEL’

Após discussões com o chanceler japonês, o ministro sul-coreano Yun Byung-Se disse que o acordo é definitivo.

— O acordo será definitivo e irreversível se o Japão assumir suas responsabilidades — afirmou Yun Byung-Se à imprensa.

Segundo historiadores, 200 mil mulheres, principalmente coreanas, mas também chinesas, indonésias e de outras nacionalidades, foram submetidas à escravidão sexual pelo Exército japonês.

O acordo será positivo para os Estados Unidos, que se esforçam para melhorar as relações entre os seus dois principais aliados asiáticos. A Coreia do Sul havia exigido desculpas mais fortes e compensação.

A tensão entre Tóquio e Seul tem impedido os dois países de assinar um acordo para compartilhar informações militares sensíveis, por isso há um ano eles firmaram um pacto de três vias, pelo qual a Coreia do Sul remete informações para os Estados Unidos, que, em seguida, as repassam para o Japão, e vice-versa.

Park disse esperar que os dois governos trabalhem para chegar a esse acordo.

— Podem cooperar estreitamente para começar a construir confiança e iniciar um novo relacionamento — disse Park a Abe, segundo o gabinete da presidente.

*Publicado originalmente na edição desta segunda-feira do jornal O Globo

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