“Nós ainda temos um longo caminho a percorrer, no que diz respeito ao modo de produzir energia e ao modo de deslocamento das pessoas porque, de fato, os grandes algozes são a emissão de CO2 via queima de florestas, o uso de combustível fóssil, que pega diretamente a questão dos transportes, e de que maneira nós vamos produzir energia”, disse.
Fernando Henrique fez um panorama sobre as políticas energéticas brasileiras ao longo dos anos, e defendeu que elas necessitam de uma revisão. Para ele, o Brasil apostou muito da sua matriz energética no combustível fóssil – esquecendo de alternativas como o etanol e o gás –, enquanto outros países marcharam em direções mais sustentáveis. “Precisamos de um desenvolvimento que seja compatível com o respeito ao meio ambiente e à natureza”, avaliou.
Questão política
O ex-presidente também destacou que a questão ambiental no Brasil é sempre política. “Não vamos conseguir dar passos mais significativos se não houver pressão. Pressão da sociedade, pressão dos interessados. Se quisermos pensar no futuro, nós vamos ter que entender aquilo que é fácil de falar, mas muito difícil de fazer. É que meio ambiente não é uma área especializada do governo. É todo o governo. E não é de cada um de nós, é de todos nós”, considerou.
“Não adianta ter um ministro de Meio Ambiente. Tem que ter uma compreensão dentro do governo de que a questão é em todos os aspectos. Todas as decisões relevantes tomadas pelos governos dizem respeito ao meio ambiente”, acrescentou.
“A política depende da ação do governo. Mais especificamente do chefe do Executivo. Se o chefe do Executivo não se empenha, as coisas não andam. Se você não tem uma agenda, e não transforma ela em uma agenda nacional, não a incorpora, as coisas não funcionam”, disse.
Iniciativa
Fernando Henrique destacou ainda a importância de debates como o promovido pelo PSDB e ITV. “É importante que as fundações políticas, como essa, entendam a política com P maiúsculo. Temas como o meio ambiente transcendem os limites de partido. É muito importante que as fundações dos partidos se dediquem à organização desse tipo de debate, e que ajudem a constituir uma opinião pública a respeito da matéria, com visão ampla. Aqui não há anti. Aqui temos que ser a favor. A favor da vida, a favor da manutenção das condições de sustentabilidade do planeta”, completou.